segunda-feira, dezembro 18, 2006

Fernando Lopes Graça (1906-1995)


Fernando Lopes Graça (1906-1995)

Fernando Lopes Graça nasceu em Tomar, a 17 de Dezembro de 1906, cidade sobre a qual escreveria, que é onde «o monumento completa a paisagem; a paisagem é o quadro digno do monumento; e a luz é o elemento transfigurador e glorificador da união quase consubstancial da Natureza com a Arte.»

Apenas com 14 anos, começou a trabalhar como pianista, no Cine Teatro de Tomar, procedendo ele próprio, aos "arranjos" dos trechos que interpretava, tocando peças de Debussy e de compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar, as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.

Em 1923, frequenta o Curso Superior do Conservatório de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira (Curso Superior de Piano), Tomás Borba (Composição) e Luís de Freitas Branco (Ciências Musicais); em 1927, frequenta a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor o maior pianista português de todos os tempos: Mestre Vianna da Mota (antigo aluno de Liszt).

Em 1928, frequentaria também o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica.

As "Variações Sobre um Tema Popular Português", para Piano são a sua primeira obra, datada de 1929.

Entretanto, funda em Tomar, o semanário republicano “A Acção”.

Em 1931, conclui o Curso Superior de Composição com a mais alta classificação, concorrendo de seguida a professor do Conservatório, em piano e solfejo, o que lhe viria a ser vedado devido à sua oposição ao regime político, sendo inclusivamente preso e desterrado para Alpiarça.

Leccionaria na Academia de Música de Coimbra, vindo a colaborar na Revista Presença, um dos esteios da poesia em Portugal.

Em 1937, ganha uma bolsa de estudo para Paris, a qual contudo lhe seria igualmente recusada por motivos políticos. Não obstante, decide partir para França, por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando Composição e Orquestração com Koechlin. Frequenta na Sorbonne, a cadeira de Musicologia. Regressado a Portugal, em 1939, inicia um trabalho musical assente sobre elementos harmónicos, melódicos e rítmicos do folclore português.

A sua intensa actividade na esfera da música não se circunscreve à composição. Lopes Graça notabiliza-se como conferencista, publicista, divulgador e opositor ao regime fascista. Recebe, em 1940, o 1ºConcerto para Piano e Orquestra, prémio que volta a conquistar em 1942, 1944 e 1952.Em 1942 funda uma organização de concertos de música moderna intitulada "Sonata", criando em 1951 a revista "Gazeta Musical".

A linha folclorista reafirma-se e aprofunda-se em obras como a "Suite Rústica" (para orquestra, sobre melodias tradicionais portuguesas), "Os cinco Velhos Romances Portugueses", as "Nove Canções Populares Portuguesas" (para voz e orquestra), os "Natais Portugueses" e "Melodias Rústicas Portuguesas" (para piano), além de numerosos ciclos de harmonizações de canções populares, para voz e piano, e para coro a capella.

Fernando Lopes-Graça dedicou toda uma vida à recolha de temas tradicionais. Juntamente com Michel Giacometti, fez uma recolha sobre os ritmos e cantares do povo português que é considerada como uma das mais importantes para os estudos etnográficos.

Fernando Lopes Graça, faleceu em 27 de Novembro de 1994, na Parede, em Cascais.

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