segunda-feira, novembro 05, 2007

Axé, axé, axé, Martinho da Vila!


«Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de Fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, veio para o Rio de Janeiro com apenas 4 anos. Quando se tornou conhecido, voltou a Duas Barras para ser homenageado pela prefeitura em uma festa, e descobriu que a fazenda onde havia nascido estava à venda. Não hesitou em comprá-la e hoje é o lugar que chama de “meu off-Rio”.

Axé, axé, axé pra todo o mundo, axé

Muito axé, muito axé

Muito axé pra todo o mundo, axé

- Eu negro brasileiro

Desejo pra esse Brasil, De todas as raças,

De todos os credos axé



Cidadão carioca criado na Serra dos Pretos Forros, sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI.
Um pouco mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional.

Pai de oito filhos e avô de sete netos, Martinho conservou o estado civil de solteiro até conhecer Cléo, no início da década de noventa. Para compensar , em Maio de 1993, casou-se duas vezes com Clediomar Corrêa Liscano Ferreira. No civil no dia 13 e no religioso no dia 31. E foi o próprio Martinho quem manuscreveu o convite aos amigos.

Sua carreira artística surgiu para o grande público no III Festival da Record, em 1967, quando concorreu com a música “Menina Moça”. O sucesso veio no ano seguinte , na quarta edição do mesmo festival, lançando a canção “Casa de Bamba”, um dos “clássicos” de Martinho .



Seu primeiro álbum , lançado em 1969, intitulado Martinho da Vila, já demonstrava a extensão de seu talento como compositor e músico, incluindo , além de “Casa de Bamba”, obras-primas como “O Pequeno Burguês”, “Quem é Do Mar Não Enjoa” e “Prá Que Dinheiro” entre outras menos populares como “Brasil Mulato”, Amor Pra que Nasceu” e “Tom Maior”.

Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil, sendo o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias com o CD “Tá delícia, Tá gostoso” lançado em 1995.

Hoje, é impossível saber de cor todos os prémios que ganhou. Toda essa história está no rico acervo em sua cidade natal, Duas Barras. Entre os títulos guardados com carinho estão os de Cidadão Carioca, Cidadão benemérito do estado do Rio de Janeiro, Comendador da República em grau de oficial e a Ordem do Mérito Cultural, por sua contribuição à cultura brasileira. Na colecção de medalhas, guarda a Tiradentes, além da famosa Pedro Ernesto, e na carreira musical ganhou em 1991 o Prémio Shell de Música Popular Brasileira.


Sua dedicação à escola de samba do coração, Unidos de Vila Isabel, iniciou em 1965. Antes, participava da extinta Aprendizes da Boca do Mato. A história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho. Desde essa época, assina vários sambas-enredo da escola.

Também envolvido nos enredos da escola, criou o “Kizomba A Festa da Raça” que está entre os mais memoráveis da história dos desfiles, e garantiu para a Vila, em 1988, seu consagrado título de campeã no grupo especial.

Embora internacionalmente conhecido como sambista, com várias composições gravadas no exterior, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB e compositor eclético, tendo trabalhado com o folclore e criado músicas dos mais variados ritmos brasileiros, tais como ciranda, frevo, côco, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, samba-enredo, toada e sembas africanos.

Seu espírito de pesquisador incansável, viaja desde o disco “O canto das lavadeiras”, baseado no folclore brasileiro, lançado em 1989, até aos mais recentes trabalhos “Lusofonia” , lançado no início de 2000, reunindo músicas de todos os países de língua portuguesa e ainda «Brasilatinidade», de 2005, com a portuguesa Katia Guerreiro, a espanhola Rosário Flores, a grega Nana Mouskouri e a italiana Maffalda Minhozzi.

Em Setembro de 2000 concretizou, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um de seus projectos mais cultuados: a apresentação do “Concerto Negro” . Idealizado por Martinho e pelo maestro Leonardo Bruno, o espectáculo enfoca a participação da cultura negra na música erudita.

Para cuidar de suas diversas atividades, criou o Grupo Empresarial ZFM abrindo as portas para sambistas com um selo musical e inaugurando sua própria editora, com seu primeiro romance “Joana e Joanes” »

In http://www.martinhodavila.com.br

Martinho da Vila e Maffalda Minhozzi

“Quem quiser saber meu nome
Não precisa perguntar
Sou Martinho lá da Vila
Partideiro devagar

Quem quiser falar comigo
Não precisa procurar
Vá aonde tiver samba
Que eu devo estar por lá”

No concerto de Martinho da Vila no Coliseu, e pode-se dizer que aquele Senhor é simplesmente maravilhoso. O concerto foi muito bom, a mim soube-me a pouco e com certeza ao resto do coliseu que estava cheio. Gostei também muito da prestação da Katia Guerreiro, dona de uma voz impressionante, que marca bem a nossa cultura fadista, mas o Martinho...é um símbolo da musica brasileira, do melhor (para mim o melhor) que se faz por lá, a sua voz é inconfundível, calorosa, carregada de simpatia e de carinho, faltariam adjectivos para o descrever, quem gosta sabe do que falo, quem não conhece, vale a pena começar a ouvir.

A latinidade foi celebrada, oficialmente, pela primeira vez em 2001. A partir de então é comemorada todo dia 15 de Maio em Portugal. Esta data foi criada em Outubro de 2000, com o objectivo de dinamizar acções sobre valores culturais e linguísticos comuns a toda comunidade de língua latina, nomeadamente o português, espanhol, italiano, francês e romeno. A comemoração é resultado da organização conjunta dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação, da União Latina e do Instituto Português da Juventude. Agora, Martinho da Vila celebra também este tema com Brasilatinidade, que contribui para aproximar os diversos povos e culturas latinas.


Martinho da Vila - Mulheres
Composição: Toninho Geraes

Já tive mulheres de todas as cores
De várias idades de muitos amores
Com umas até certo tempo fiquei
Pra outras apenas um pouco me dei
 
 
Já tive mulheres do tipo atrevida
Do tipo acanhada do tipo vivida
Casada carente, solteira feliz
Já tive donzela e até meretriz
 
 
Mulheres cabeças e desequilibradas
Mulheres confusas de guerra e de paz
Mas nenhuma delas me fez tão feliz como você me faz
 
 
Procurei em todas as mulheres a felicidade
Mas eu não encontrei e fiquei na saudade
Foi começando bem mas tudo teve um fim
Você é o sol da minha vida a minha vontade
Você não é mentira você é verdade
É tudo que um dia eu sonhei pra mim.

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