domingo, dezembro 12, 2010

A fúria do açúcar

Cada cliente só pode comprar de três a dois quilos de açúcar por dia, enquanto ainda houver este bem no mercado. É preciso recuarmos aos tempos da 2ª Guerra Mundial, ou ao fim da Guerra Colonial, nos ex-territórios ultramarinos: Angola, Moçambique e Guiné-bissau, quando tudo faltava. Há muito tempo que não se assistia a este fenómeno da racionalização dos bens alimentares. É caso para perguntar será algum presságio dos próximos tempos?

Muitos portugueses já começaram a efectuar as compras de Natal, a preparar a Ceia de Natal, em especial, os doces: desde as filhoses, as fatias douradas, o arroz doce, a aletria, ao bolo-rei (ou rainha), quando o impensável, mais uma vez ocorreu, difundida a noticia, às primeiras horas da passada 6ª feira, na rádio, que o stoque de açúcar estaria à beira da ruptura devido à falta de matéria-prima nos mercados internacionais, os supermercados estariam a racionar a aquisição do mesmo.

A notícia alastrou, como o rastilho da pólvora. “Os açambarcadores levaram tudo!”

A mesma cena repetiu-se noutros pontos do país entre 6ª feira e hoje domingo.

“Hoje não temos açúcar!” era a palavra de ordem nas grandes superfícies em Portugal.

Quando seria de esperar outro tipo de notícias mais condizentes com o espírito da quadra, o febril consumismo e a irracionalidade tomaram conta dos portugueses. Espero que a febre do açúcar não se estenda a outro tipo de alimentos.

Há pelo menos dois anos atrás que a procura mundial de produtos agrícolas superou em larga escala a oferta disponível. A racionalização de alimentos começou com o açúcar, mas estender-se-á brevemente aos cereais, vegetais, carne, peixe, leite e ovos.

As cotações dos bens alimentares disparou nos mercados internacionais, a isto tudo temos que somar, a catástrofe no Golfo do México (BP envolvida), a seca e os fogos de verão na Rússia, as alterações climáticas que comprometem as colheitas e a polinização das plantas, comprometida devido ao desaparecimento das abelhas…

É verdade, a fome espreita…

Para além dos hábitos alimentares da população mundial se terem alterado, os apetites ficaram cada vez mais parecidos com os dos ocidentais.

Agora não me venham com tretas dizer que o planeta não suporta alimentar a população actual.

E o êxodo rural difícil de qualificar e de quantificar será tido em conta?

A ida em massa para as cidades, o abandono dos campos ocorreu um pouco por todo o lado e está bom de ver que temos que voltar atrás, provavelmente à estaca zero.

Recomeçar preciso é.

Os campos estão abandonados e entregues aos silvados. Facto a ter em conta na Europa do Sul, em que a União Europeia pagou para serem arrancados pés de vinha e oliveiras! Diminuiu-se a produção de leite, foram estabelecidas quotas leiteiras.

Barcos de pesca foram abatidos.

Fomentou-se a não produção.

A subsiodependência.

Agora há que rever as erradas políticas do passado, em que em nome do progresso e do fascismo económico de Bruxelas se encerraram lagares tradicionais, queijarias, doçarias tradicionais e pequenos negócios.

Tudo liquidado em nome das grandes superfícies. Estava bom de ver o que ia acontecer. O cenário não é o melhor e as perspectivas para 2011 são dantescas para os comentadores de política e economia (nacionais e internacionais).

É este cenário que espera muitos portugueses, por isso há que saber dar a volta por cima.

Outro conselho há que racionalizar ainda as suas compras e procurar adquirir um pouco de tudo, para que nada falte nos próximos tempos…

É que estes podem não ser os melhores…

Fontes:

http://economico.sapo.pt/noticias/escassez-de-acucar-em-portugal-leva-hipermercados-a-racionar-vendas_106428.html

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1733372

2 comentários:

Max disse...

Pequenos sinais.
É o começo.

Provavelmente será preciso esperar muito para ver a próxima ruptura de stock de alimentos.
Depois um pouco menos. Cada vez menos.

E é engraçado como haja silêncio acerca das causas. Há explicações vagas, "dize-se", "parece".

Ninguém relata que esta foi uma manobra de mercado, para optimizar os lucros. Não a primeira e de certeza nem a última.

antonio disse...

Procurando informações sobre o assunto, podemos encontrar alertas na internet, em diferentes sites, de que a situação vai piorar, principalmente na Europa.... Melhor para quem fizer estoques de alimentos...

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