sexta-feira, junho 03, 2011

Intervenção externa sem precedentes na Grécia


Decisões sobre impostos gregos serão tomadas no estrangeiro e privatizações serão controladas por uma agência internacional. Segundo o 'Financial Times', estas são as condições para um novo empréstimo.

A edição desta segunda-feira do Financial Times revela que os líderes europeus estão a negociar um novo empréstimo à Grécia, que se encontra de novo à beira de ter de suspender o pagamento da sua dívida soberana. Um ano depois do empréstimo de 110 mil milhões de euros e da imposição de uma selvática política de austeridade, a crise grega está hoje pior. A contrapartida para o novo empréstimo, diz o jornal britânico, seria uma “intervenção externa sem precedentes”: as privatizações seriam controladas por uma agência internacional, e a colecta de impostos seria também feita por entidades estrangeiras.

Argumento é que Estado grego “não está a funcionar”

A proposta de criar uma agência internacional para pôr em prática o plano de privatizações da Grécia, que pode envolver algo em torno de 50 mil milhões de euros, tem vindo a ser defendida pela Holanda, sob o argumento, diz o Financial Times, de que o Estado grego “não está a funcionar” e por isso não teria capacidade para gerir as privatizações.

Segundo o jornal britânico, Atenas tem necessidade de um novo financiamento de 60 a 70 mil milhões de euros, dos quais 30 a 35 mil milhões teriam de ser dinheiro fresco, sendo a outra parte conseguida por privatizações e pelo reescalonamento voluntário de dívidas, feito por iniciativa voluntária dos credores.

Recorde-se que passado um ano do primeiro plano de resgate, a chamada pressão dos mercados sobre a dívida soberana grega não baixou, como fora previsto então. Os juros dos títulos da dívida nos mercados secundários são de 25%, tendo mesmo tocado no máximo de 26% na última sexta-feira.

O Financial Times diz ainda que o Banco Central europeu continua firmemente contrário à reestruturação da dívida grega – defendida por muitos economistas, como o Prémio Nobel Paul Krugman ou o economista-chefe do Deutsche Bank, Thomas Mayer.

Irlanda também precisa de novo empréstimo?

Segundo o Financial Times Deutschland, políticos irlandeses começaram a discutir uma ajuda adicional, considerando “muito improvável” que o país consiga voltar a financiar-se nos mercados em 2012, como está previsto no plano de resgate. Seria assim necessário um prolongamento do actual plano de resgate ou a elaboração de um outro, semelhante ao que está em curso na Grécia.

BCE parece querer provocar crise, diz Krugman

Declaração da Conferência de Atenas sobre dívida e austeridade

Fonte: Esquerda

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