quarta-feira, agosto 29, 2007

Zeppelin

A Primeira Guerra Mundial, a guerra que pretendia acabar com as guerras, alimentou o desenvolvimento de armamentos de inusitada ferocidade. O mais potencialmente destrutivo foi o Zeppelin – Um dirigível desenvolvido pelo Alto Comando Alemão como a arma definitiva – No decorrer dos sucessivos raids de Zeppelins sobrevoando Londres, o Gabinete de Guerra Inglês começou a ficar alarmado com esta arma superior. Era agora imperioso que a Inglaterra obtivesse planos detalhados deste dirigível e viesse a desenvolver uma contra-arma. Foi encontrado, pelo Serviço de Inteligência Britânico, o perfeito espião – um jovem tenente da Armada com ascendência alemã e escocesa, cuja missão é «desertar» para a Alemanha.

Mas estes planos traçados vão sofrer uma surpreendente mudança, quando os alemães lhe propõem tornar-se um agente alemão.

Há filmes, que nos levam a outras descobertas, pesquisas e viagens…

E isto, a propósito de um velho filme de guerra, datado de 1971, realizado por Etienne Perier, com Michael York e Elke Sommer, por enquanto disponível somente em VHS.

Para Recordar…

Mas, o que é um Zeppelin?

O Zeppelin é um dirigível.

O dirigível é uma aeronave mais leve do que o ar, que pode ser controlado. Ao contrário de aeronaves mais pesadas do que o ar, os dirigíveis sustentam-se através do uso de uma grande cavidade que é preenchida com um gás menos denso do que o ar, como o gás hélio ou mesmo, o inflamável gás hidrogénio.

A história dos dirigíveis se confunde com a da aviação. As primeiras experiências para tentar a conquista dos céus foram feitas com balões de ar quente.

Um dos pioneiros foi o padre jesuíta Bartolomeu de Gusmão que, em 1709, conseguiu fazer um balão de ar quente, o Passarola, subir aos céus, diante de uma corte portuguesa abismada. Teria sido em 5 de Agosto de 1709, quando o padre Bartolomeu de Gusmão realizou, no pátio da Casa da Índia, na cidade de Lisboa, a primeira demonstração da Passarola. O balão pegou fogo sem sair do solo, mas, numa segunda demonstração, elevou-se a 4 metros de altura. Tratava-se de um pequeno balão de papel pardo grosso, cheio de ar quente, produzido pelo "fogo de material contido numa tijela de barro incrustada na base de um tabuleiro de madeira encerada". O evento teve como testemunha, o Núncio Apostólico em Lisboa (o futuro papa Inocêncio XIII). Episódio retratado por José Saramago, no «Memorial do Convento».

Os irmãos franceses Montgolfier seriam 74 anos depois, os primeiros a desbravarem os céus. O balão elevou-se do chão cerca de 300 m, durante cerca de 10 minutos voando aproximadamente 3 quilómetros.


O conde alemão Ferdinand Von Zeppelin gastou a sua fortuna na criação de dirigíveis com estrutura rígida para transporte de passageiros. Em 2 de Julho de 1900, fez o voo inaugural do LZ-1, às margens do lago Constança, no sudoeste da Alemanha. Já estava na bancarrota quando, em 1908, ganhou fama com o LZ-4, ao cruzar os Alpes, numa viagem de 12 horas, sem escalas. Daí por diante, o conde von Zeppelin pode contar com o dinheiro do governo alemão em suas façanhas e seus dirigíveis se transformaram no orgulho nacional. O conde von Zeppelin instituiu a primeira companhia aérea, a alemã Companhia Zeppelin (Delag), em 1909, com uma frota de cinco dirigíveis. Até 1914, ano em que começou a Primeira Grande Guerra, foram mais de 150 mil quilómetros voados, 1.600 voos e 37,3 mil passageiros transportados. Durante o conflito mundial, ao lado dos nascentes aviões, os dirigíveis alemães foram utilizados para bombardear Paris e a Inglaterra. Ao longo de sua vida, a Zeppelin construiu mais de 100 dirigíveis.



Um dos ícones da história da aviação foi o dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, construído em 1928. Este dirigível possuía 213 metros de comprimento, 5 motores, transportava 20 a 24 passageiros e cerca de 36 tripulantes. O primeiro voo de longa distância teve lugar em Outubro de 1928 e ligou Frankfurt a Nova York. Este voo durou 112 horas. Caberia ao Graf Zeppelin a primazia de ser a primeira aeronave a dar a volta ao mundo.

A epopeia, em sete etapas, seria feita em 1929, percorrendo 33 mil quilómetros. O Graf Zeppelin foi construído pela Deutsche Zeppelin-Reederei, empresa fundada por Ferdinand Von Zeppelin, em 1928, e percorreu mais de 500 mil quilómetros, transportando cerca de 17 mil pessoas.


O LZ 129 Hindenburg era o orgulho da engenharia alemã, e considerado o modelo mais espectacular fabricado pela Deutsche Zeppelin-Reederei. O Hindenburg possuía 245 m de comprimento, 41,5 m de diâmetro, voava a 135 km/h com autonomia de 14 mil quilómetros e tinha capacidade para 50 passageiros e 61 tripulantes. O modelo explodiu em New Jersey, nos Estados Unidos, no dia 6 de Maio de 1937, antes de pousar na base aérea de Lakehurst, morrendo neste acidente os seus 97 ocupantes e 36 pessoas, que se encontravam no solo. Há ainda quem fale, em atentado, afinal a Alemanha Nazi disputava a supremacia dos ares aos outros países e o FBI elaborou um processo com mais de 337 páginas, com um final inconclusivo. O desastre marcou o fim da era dos dirigíveis rígidos.

Os restantes dirigíveis foram posteriormente desmantelados. Após a II Guerra Mundial, a aviação comercial dava os primeiros passos na conquista de novos mercados.

Actualmente, os dirigíveis são utilizados em campanhas publicitárias e para transporte de cargas de grandes dimensões. Hoje são mais seguros - utilizam Hélio no lugar de Hidrogénio - são fiáveis, silenciosos, rápidos e ecológicos e uma alternativa para o Futuro…

A própria Zeppelin, agora denominada Zeppelin Luftschifftechnik GmbH (ZLT) também resolveu investir numa nova linha de dirigíveis no início dos anos 90. Em Setembro do ano de 1999, realizou o voo de seu primeiro protótipo, o LZ N07. Seguindo a tradição da fábrica, o corpo do balão tem estrutura rígida, que combina tubos de alumínio com fibra de carbono, mas é bem menor que os do passado, com 68 metros de comprimento.

Links:

http://www.zeppelin-nt.com

http://spot.colorado.edu/~dziadeck/zeppelin.html

Texto – Mário Nunes

2 comentários:

marginalia disse...

Mario, adorei esta materia. Aí vai a minha lista de familiaridade e adoração por zepelins:

1
Led Zeppelin, a melhor banda de hard rock de todos os tempos. sou fanatico

2
Jesuitas, como o padre Gusmão são materia de meu interesse sempre. estudei em colegio jesuita

3
Aqui em Recife, ha pouquissimos kilometros de minha casa, existe ainda uma antiga "torre de atracação", onde o Zeppelin estacionava, em passagem pelo Recife

4
No Rio de Janeiro ainda existe uma construção mais raríssima ainda: um hangar inteiro conservado, onde o Zeppelin podia entrar flutuando

5
Cenas inesqueciveis a bordo de zeppelin são as de Harrison Ford e Sean Connery em Indiana Jones e A Ultima Cruzada

minha lista é mais extensa, paro por aqui. vou republicar sua materia no Marginalia...

Mário Nunes disse...

Uma das fotos refere-se ao Hidenburg � chegada ao Rio de Janeiro, adivinhe qual �

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