«Sua Magestade El Rei há por bem ordenar o seguinte:
1º Que o major de corpo de estado maior do exército Francisco Maria de Sousa Brandão, elabore o projecto para a construção de um caminho de ferro que bifurcando na linha de leste nas proximidades da Barquinha, se dirija a Almeida, por Thomar, Miranda do Corvo, Lousã e Celourico.»
Portaria de 18 de Março de 1873 (Reinado de D. Luís)
Da publicação da portaria, em 1873, à outorga da concessão (1887), decorreram 14 anos, e desta até à sua inauguração em 1906, decorreram 19 anos!
Desta forma, foi outorgada a concessão de uma linha férrea de via reduzida, de Coimbra a Arganil, com passagem por Miranda do Corvo e Lousã, à firma «Fonsecas, Santos e Viana», por alvará de 10 de Setembro de 1887.
Pouco tempo depois, os concessionários pediram a substituição da via reduzida por via larga, inferindo-se da sua atitude a intenção numa fase posterior de prolongar o ramal até à Covilhã.
Em 8 de Outubro de 1888, um novo alvará outorgou a concessão da via larga à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, numa extensão de 62 km, de Coimbra a Arganil, passando por Ceira, Miranda do Corvo, Serpins, Várzea e Góis.
Em 1889 iniciaram-se os trabalhos de construção em todo o cumprimento da linha, mas mais intensamente nos primeiros 29 km, entre Coimbra e a Lousã.
Estavam os trabalhos já muito adiantados quando rebentou a crise de 1890, com a influência nos negócios da Companhia, que obrigou à interrupção completa dos trabalhos.
Em 1897 foi declarada a falência da Companhia do Caminho de Ferro do Mondego.
Em 1900 foi nomeado pelo Tribunal de Comércio de Lisboa, um Conselheiro para gerir os negócios desta companhia, no intuito de se valorizar o avultado capital já imobilizado nos trabalhos de construção; este capital já se encontrava em progressiva depreciação, devido à ruína das obras já executadas.
Em Janeiro de 1905 recomeçaram as obras no Ramal, tendo sido o troço Coimbra-Lousã inaugurado a 16 de Dezembro de 1906.
Em 1907 tentou-se levar o caminho de ferro da Lousã a Arganil e, posteriormente até Gouveia. No entanto vários factores impediram que tal não se concretizasse:
- A mudança da Monarquia para a República;
- A instabilidade política dos primeiros tempos da República;
- O deflagrar da I Grande Guerra Mundial;
- E a crise de 1929…
Várias tentativas foram feitas para prolongar o caminho-de-ferro: 1911, 1922 e 1927.
Em 1923, a Companhia de Caminho de Ferro do Mondego apresentou o orçamento para a conclusão do troço Lousã-Arganil: 10.000 contos.
Alguns meses mais tarde, já em 1924 foi feito novo contrato desta vez com a CP. No entanto, o traçado da linha foi alterado, encarecendo-o e vindo a gastar em apenas 6 km, de Lousã a Serpins, aqueles 10.000 contos que estavam orçamentados para chegar da Lousã a Arganil.
A 10 de Agosto de 1930 foi inaugurado o pequeno troço de 6 km da Lousã a Serpins.
A restante história é sobejamente conhecida de todos.
Para a posterioridade ficam as fotografias por mim tiradas durante o mês de Janeiro de 2010, junto à Estação da Lousã.
Mário Nunes
Bibliografia Consultada:
- Os Caminhos de Ferro Portugueses (1856-2006), da CP
- Ramal da Lousã (1993), Estudos Setoriais nº 5, da CCRC
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