Trezentas toneladas de água
contaminada com níveis perigosamente elevados de radiação escaparam de
reservatórios situados naquela central nuclear que foi devastada por explosões,
na sequência do terramoto e tsunami de Março de 2011. É a situação mais grave
desde esse acidente de há dois anos, classificado como o pior acidente nuclear
desde o de Tchernobil, em 1986.
"A julgar pela
quantidade e pela densidade da radiação na água contaminada que escapou, é
apropriado elevar o nível de alerta para o nível três", lê-se num
documento divulgado pela agência que superintende o nuclear no Japão. Na altura
do acidente, o nível de alerta fixado foi o nível sete, o máximo.
A fuga foi detectada pela
empresa responsável pela central, a Tepco, levando o regulador nipónico para o
nuclear a tomar medidas de maior alcance. A primeira foi elevar o nível de
alerta – o que já provocou uma reacção do Governo chinês que, através do
ministro dos Negócios Estrangeiros, se declarou "chocado" com o facto
de, dois anos depois do acidente nuclear, o Japão não conseguir ainda conter
qualquer fuga radioactiva.
Pequim "espera que o
lado japonês consiga seriamente tomar medidas para pôr fim ao impacto negativo
das consequências do acidente nuclear de Fukushima"; disse o governante,
numa declaração à agência Reuters.
Estima-se que seja a quarta
grande fuga de água radiactiva na central nuclear de Fukushima.
Um funcionário descobriu a
fuga e as autoridades declararam primeiro que se tratou de incidente de nível
um – o mais baixo –, embora esta seja a primeira vez que o fazem desde o sismo
e tsunami de 2011. A Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos,
começa em 0 (sem significado), passa pelos níveis 1 a 3 (“incidentes”) e atinge
o topo entre 4 a 7 (acidentes).
Um responsável da Tepco
explicou que a água provavelmente escapou de um tanque, depois de ter passado
uma barreira de cimento.
A agência japonesa Kyodo
revelou que esta água está a emitir 100 millisieverts de radiação por hora, o
que, segundo o director-geral da Tepco, é equivalente à exposição a que um
trabalhador da central está sujeito em cinco anos. “Podemos dizer que o nível
de radiação é suficientemente elevado para dar alguém uma dose de radiação de
cinco anos em apenas uma hora”, explicou à Reuters Masayuki Ono.
Atingida pelo sismo e pelo
tsunami de 11 Março de 2011 no Japão, a central de Fukushima ficou sem os seus
sistemas de arrefecimento e foi palco de uma série de explosões, de fusão de
combustível nuclear e de libertação de material radioactivo. Foi o segundo
maior desastre nuclear, superado apenas por Tchernobil.
Ao longo dos últimos dois
anos, a Tepco teve de resolver a questão central do arrefecimento dos
reactores. Mas uma série de outros problemas estão ainda longe de estarem
solucionados, entre eles o da água contaminada.
A sua origem estará
provavelmente relacionada com a mistura de água subterrânea que drena
naturalmente das montanhas com água fortemente contaminada que inundou a rede
de condutas no subsolo da central de Fukushima – resultante de fugas próximas
dos reactores na sequência do acidente.
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