Uma fenda gigantesca, com
dimensões comparáveis às do Grand Canyon, nos Estados Unidos, foi encontrada
debaixo do gelo na Gronelândia. A formação tem 750 quilómetros de extensão e,
em alguns pontos, chega a ter 800 metros de profundidade, segundo estudo publicado
na revista Science, esta quinta-feira (28).
Oculta por milhões de anos,
sob a densa camada de gelo que recobre a ilha, na América do Norte, o vale foi
achado após investigação por pesquisadores da Faculdade de Ciências Geográficas
da Universidade de Bristol, na Inglaterra.
"Em tempos em que o
Google Streetview já mapeou dezenas de cidades e em que temos acesso a mapas
digitais para tudo, era de se pensar que nada mais seria encontrado e
explorado", diz o autor do estudo, o professor Jonathan Bamber. "Mas
nossa pesquisa mostra que ainda há muito para ser descoberto na Terra."
Segundo a pesquisa, a fenda
desempenha um importante papel no transporte ao mar de água do derretimento de
gelo. Antes que o local fosse coberto por gelo, milhões de anos atrás, essa
fenda teria servido ao planeta como um "importante sistema fluvial",
permitindo fluxo d'água do interior da Groenlândia para sua costa, destaca o
estudo.
Para David Vaughan,
coordenador do programa europeu ice2sea, um dos financiadores do estudo, a
descoberta aponta mais conhecimento sobre a região.
"Uma fenda de 750
quilómetros preservada sob o gelo por milhões de anos é uma descoberta
impressionante por si só, mas o achado é importante ao ponto em que expande
nosso conhecimento sobre o passado do país. O gelo que recobre essa região
contribui para o aumento no nível do oceano e isso pode nos ajudar a mudar esse
cenário."
Para encontrar a fenda, o
grupo usou dados da NASA (Agência Espacial Norte-Americana) e de documentos de
estudos feitos por britânicos e alemães ao longo das últimas décadas. Isso ajudou
os especialistas a desmontarem este quebra-cabeças.
Os dados da NASA foram
obtidos por meio do uso de tecnologia de radar e permitiram aos pesquisadores
traçar as dimensões da fenda: vai de um ponto localizado no centro da
Gronelândia até o extremo Norte da ilha, se conectando ao oceano Árctico.
Além do programa europeu, a
pesquisa foi financiada, também, pelo Conselho de Pesquisa de Natureza e
Meio-Ambiente do Reino Unido.
Fonte: Science e UOL Brasil
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