Infelizmente não posso estar de acordo com as tuas palavras Max, tanto a Grécia como Roma deixaram-nos um importante legado cultural e civilizacional nos mais diversos campos, desde a Filosofia, à Geografia, à Farmácia, à Medicina, passando pela Biologia, o Teatro, o Direito, a Arquitectura e a Engenharia.
Esse legado foi um empurrão decisivo para a Europa de Quinhentos, que tardava a libertar-se do obscurantismo religioso pregado pelo Cristianismo.
Contudo, devemos à civilização árabe, tolerante e sem conflitos de autoridade com a ciência, a manutenção e recuperação de todo o saber de outra forma perdido em orgias de fé cristã, guardado em numerosas bibliotecas na forma de preciosos manuscritos gregos, traduções em árabe para além de livros da ciência árabe. Bibliotecas acessíveis a todos, vulgar cidadão, professor ou estudante. Cada cidade tinha a sua própria biblioteca onde todos podiam consultar os livros ou mesmo requisita-los. A biblioteca de Córdoba, fundada em 965, constituiu a terceira biblioteca do mundo islâmico. E foi a semente para a recuperação da ciência proscrita e para o despertar da Europa das longas trevas intelectuais impostas pelo cristianismo.
Os árabes tiveram pois um papel inestimável na história da ciência, já que traduziram, fielmente e sem interpolações, os clássicos gregos (Apolónio, Arquimedes, Euclides, Pitágoras, Ptolomeu e outros). Estes clássicos estariam perdidos sem os árabes, não só devido ao encerramento da escola de Atenas, último reduto do paganismo, pelo imperador romano do Oriente Justiniano (483-565) cujo lema era «Um Estado, uma Lei, uma Igreja», como também à posterior destruição das obras consideradas heréticas de alguns destes pensadores.
Eventualmente tudo seria diferente se Roma não tivesse caído na Decadência.
Este mundo estaria muito diferente para melhor, desde que nos libertássemos da nossa tendência auto-destrutiva e suicida e provavelmente a esta hora estaríamos a conquistar os mundos do nosso Sistema Solar.
E provavelmente teríamos outra capacidade de resposta, como espécie face a 2012.
Tal como Roma, caminhamos para a Decadência e os sinais estão todos aí, em vez duma cultura de Trabalho e de Criatividade, favorecemos a ociosidade e a mediocridade, sucumbimos ao Dinheiro e ao Materialismo.
Os Romanos passaram pelo mesmo, com pão, jogos e circo foram incapazes de se defender dos Bárbaros que estavam às portas do Império.
Aonde eu quero chegar é muito mais longe imaginemos uma simples catástrofe global provocada pelo Sol - tempestades solares, projecção de massa coronal em excesso, alterações no campo magnético terrestre, etc.
Poderemos imaginar o que se seguirá a um tal evento, imaginemos que ficamos por exemplo sem electricidade durante um ano.
Poderás imaginar as consequências ao final duma semana?
Seguir-se-ão por certo os tumultos, o caos, a fome e a guerra.
Por certo Marte, levará milhões de almas para o outro mundo.
Para não falarmos de todas as infra-estruturas destruídas, tais como por exemplo Hospitais e Telecomunicações…
Já pensastes o que aconteceria sem uma rede de frio e sem transportes o que acontecerá a seguir?
O que eu queria dizer era que o melhor que nós temos da nossa civilização é o nosso conhecimento e por certo que este será útil aos sobreviventes para não terem de partir novamente do zero quase absoluto!
Situação que não está documentada, mas que aconteceu por certo há 12.000 anos atrás…
As imagens referem-se a dois filmes, um do mestre Stanley Kurbrik, 2001 – Odisseia no Espaço e outro de Peter Yamis, 2010, o ano do contacto, da Pré História, a Júpiter, passando por Europa, um mundo que muito terá para revelar e muito mais além…
1 comentário:
Pois, eu sei: deitar no lixo os erros que foram feitos significa apagar também as coisas boas.
Que existem, claro, e não são poucas.
Afinal trata-se de pôr numa balança os prós e os contras, e ver qual o lado que mais pende.
Como disse, a minha não era uma resposta, mas um conjunto de dúvidas.
Se houvesse uma maneira de preservar só as coisas boas, então não teria incertezas; mas como isso não é possível, as minhas dúvidas permanecem.
Gostei muito da tua observação acerca dos Árabes: demasiadas vezes, de facto, esquecemos que o papel deles foi absolutamente fundamental na nossa História.
Em Italia, por exemplo, enquanto a Península estava mergulhada nas trevas, na Sicília os Árabes abriam escolas, traduziam os antigos textos, formavam médicos. Tudo num clima de tolerância, de ambos os lados.
Se houvesse ainda um décimo daquele clima, podemos imaginar como seria diferente a nossa situação hoje.
E, provavelmente, nem haveria necessidade de escolher o que fechar na arca.
Um grande abraço!
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