Donos de Portugal é um
documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. O filme retrata
a protecção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas
estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza. Mello,
Champalimaud, Espírito Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e
integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder
reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade
com o poder político. Novos grupos económicos – Amorim, Sonae, Jerónimo Martins
- afirmam-se sobre a mesma base.
No momento em que a crise
desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português,
este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até
aqui. Produzido para a RTP 2 no âmbito do Instituto de História Contemporânea,
o filme tem montagem de Edgar Feldman e locução de Fernando Alves.
A estreia televisiva teve
lugar na RTP2 a 25 de Abril de 2012. Desde esse momento, o documentário está
disponível na íntegra em www.donosdeportugal.net.
Donos de Portugal é baseado
no livro homónimo de Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco
Louçã e Fernando Rosas, publicado em 2010 pelas edições Afrontamento e com mais
de 12 mil exemplares vendidos.
Leiam o que Jorge Costa
escreveu sobre Champalimaud
para saberem como se constrói uma fortuna antes e depois do 25 de Abril. Uma
pequena parte de uma investigação colectiva que será lançada em livro na próxima
semana: “Os Donos de Portugal”. Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda,
Francisco Louçã e Fernando Rosas são os autores. Podem ler um capítulo do livro
na Vírus
e um resumo de outro capítulo na Visão.
Da história à economia política, passando pelo jornalismo: interdisciplinar
como se quer. Podemos esperar um contributo para um retrato histórico do
capitalismo português sem romances de mercado, mas antes com muito poder e
muitas redes sociais à mistura e o vício de uma certa forma de acumulação. Não
é defeito, é feitio. O dinheiro, por muito concentrado que esteja e por muitas,
e pouco republicanas, capacidades que tenha de se transformar em poder
político, ainda não determina a memória. Esta também é necessária para superar
um Estado dependente dos especuladores
e da lumpemburguesia, o Estado das engenharias
neoliberais...
Este livro apresenta os
donos de Portugal e faz a história política da acumulação de capital ao longo
dos anos que vão de 1910 a 2010. Descobre-se a fortuna nascida da protecção:
pelas pautas alfandegárias contra a concorrência, pela ditadura contra as
classes populares, pela liberalização contra a democracia na economia. Esta burguesia
é uma teia de relações próximas: os Champalimaud, Mello, Ulrich, entre outros,
unem-se numa mesma família. Os principais interesses económicos conjugam-se na
finança. Esta burguesia é estatista e autoritária: o seu mercado é o Estado e
depende por isso da promiscuidade entre política e negócios. Os Donos de
Portugal retrata também um fracasso monumental: o de uma oligarquia financeira
incapaz de se modernizar com democracia, beneficiária do atraso, atraída pela
especulação e pelas rendas do Estado e que se afasta da produção e da
modernização. Ameaçada pelo 25 de Abril, esta oligarquia restabeleceu-se
através de um gigantesco processo de concentração de capital organizado pelas
privatizações. Os escândalos do BCP, do BPN e do BPP revelaram as faces da ganância.
Este livro demonstra como os donos de Portugal se instalam sobre o privilégio e
favorecimento.
Donos de Portugal, leia o
livro da Afrontamento e veja o documentário:
1 comentário:
Olá Mário,
Era bom que também contasem a verdade toda, como faz o Frederico Duarte de Carvalho e que resolvi divulagar no post intitulado Ainda há coragem em Portugal, de um dos "últimos samurais"! Isto de só se contar meias verdades, não leva a lado nenhum, mas enfim...
Um abraço
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