sábado, março 09, 2013

Fantasporto 2013


Chegou ao fim mais um Fantasporto e como sempre o público, apesar da crise marcou encontro na cidade do Porto, com o cinema sempre Fantástico de ficção científica, de terror ou de fantasia...
Trinta e três edições depois, aquele que é o mais velho e assíduo festival de cinema realizado em Portugal e na cidade do Porto, apesar da indiferença das autoridades, impõem-se contra a vontade das majors e do cinema dito comercial.
Sim, porque o “Fantas” é mais que um Festival de Cinema dito clássico, porque há um certo olhar quer para com os clássicos, quer para com as fitas realizadas noutras paragens...

Fica ainda aqui o olhar de Mário Dorminsky, o mentor do Fantas:

A mais recente produção de Guillermo del Toro, “Mamã” de Andrés Muschietti é o grande vencedor do Fantasporto 2013 – Secção oficial de Cinema Fantástico. Depois do estrondoso sucesso de bilheteira nos Estados Unidos, o filme vê reconhecidas as suas qualidades de renovação do género fantástico. Na Semana dos Realizadores o mais premiado dos cineastas do Fantasporto, Karen Shakhnazarov, volta a triunfar com “White Tiger”, dividindo os principais prémios com Kim Ki-Duk e o seu deslumbrante “Pietá”.

Tendo tido honras de abertura do Fantasporto, com a presença dos irmãos Muschietti, “Mamã” arrebatou o Grande Prémios Fantasporto 2013 que acumulou com os prémios de Melhor Realização e Melhor Actriz. Depois das nomeações para Óscar, nos filmes “As Serviçais” e “00.30h Hora Negra”, o desempenho da ruiva do momento, Jessica Chastain, numa nova faceta da sua carreira, conquistou o Júri.

Ainda na secção oficial de Cinema Fantástico a destacar o Prémio Especial do Júri atribuído à produção galega “O Apóstolo”, que conta com banda sonora do minimalista Philip Glass.

No Palmarés o cinema europeu do fantástico demonstrou a sua vitalidade arrecadando a totalidade dos outros galardões em disputa.

A 23ª Semana dos Realizadores, sob a égide de Manoel de Oliveira, que dá o nome aos prémios, foi partilhada por dois grandes autores do cinema mundial. Karen Shakhanazarov com a sua reconstituição nostálgica e original das vivências da Segunda Guerra Mundial, arrebatou com “White TIger” os Prémio Especial do Júri, Melhor Realizador e Melhor Actor. O actual presidente da Mosfilm, os principais estúdios de cinema russo da actualidade, é um dos veteranos vencedores do Fantasporto. Outro dos nomes descobertos pelo festival, o sul coreano Kim Ki-Duk, ganhou os Prémios Melhor Filme e Melhor Actriz com o filme “Pietá”, confirmando que é um dos grandes realizadores em qualquer dos géneros.

Na Secção oficial Orient Express o vencedor é o sul–coreano “The Grand Heist” de Kim Joo-Ho, um filme histórico com um tema sempre actual.

Escolhido para o Prémio da Critica, “The Seasoning House” é uma história de terror baseada em factos reais. Durante a guerra da Bósnia, jovens era torturadas para satisfazer os baixos instintos dos militares. Com a realização de Paul Hyett e com Kevin Howarth (descoberto no Fantasporto em “The Last Horror Movie”), Sean Pertwee e Rosie Day.

O cinema norueguês tem sido uma das surpresas dos últimos anos e “Thale” de Aleksandre Nordaas, inspirado numa lenda da mitologia nórdica, ganhou o Prémio do Público.

Momento marcante foi a sessão especial dedicada aos 70 anos de estreia do mítico “Aniki Bóbó” que serviu de pretexto para uma homenagem ao decano dos realizadores mundiais – Manoel de Oliveira – e da protagonista feminina, Fernando Matos. Na altura Manoel de Oliveira confessou: “Esta noite, para mim, foi como um sonho. É pena ter chegado um bocado tarde. Isto nem em Cannes”. Uma apoteótica recepção de um público muito jovem e uma impressionante cobertura mediática foram o merecido e sentido reconhecimento de um génio, pela sua cidade natal.
A dois dias da conclusão da edição 33 do Festival Internacional de Cinema do Porto, e sendo certo que os últimos dias são os mais concorridos, é possível constatar que o Fantasporto resistiu ao ambiente económico adverso. O apoio dos espectadores foi constante e os números provisórios apontam para valores próximos dos 40 000 espectadores em sala e cerca de 70 mil se incluirmos os visitantes das manifestações paralelas.

Uma notável exposição de esculturas do artista plástico Paulo Neves, uma exposição fotográfica do valioso arquivo de Jean Loup Passek dedicada às divas do cinema e o ciclo de conferências e apresentações dedicados à Literatura abriram o leque de visitantes do Rivoli.

Na sessão de encerramento o Fantasporto homenageia algumas das personalidades que contribuíram para o sucesso desta edição com o Prémio Fantasporto. São eles, o escultor Paulo Neves, o critico Jean Loup Passek e o representante cultural do Consulado de França, Bernard Despomadères.

O Prémio Carreira deste ano é para um dos grandes vultos do cinema português, António de Macedo, autor de uma impressionante carreira que vai da literatura ao cinema, da televisão ao associativismo cinematográfico.

Porque o Fantasporto é sempre um espaço de descoberta, mas também de nostalgia cinéfila, este ano o grande destaque foi para os 65 anos de “The Red Shoes”, uma obra prima intemporal que foi exibida no esplendor de uma das últimas raras cópias em celulóide.

A organização considera que o festival superou todas as expectativas, num ano de crise, mas que permitiu ter um alargado número de convidados que representaram cerca de 80 % dos filmes em competição. Ao todo foram cerca de 300 convidados, dos quais 120 estrangeiros. Realizaram-se 175 sessões com quase 300 filmes oriundos de 37 países.

Como último aspecto de realce, a forte presença de estudantes de várias escolas secundárias e de cinema, que tiveram aqui a oportunidade de encontro com o audiovisual, com os realizadores e com o glamour do cinema em sala.”

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