quarta-feira, novembro 28, 2007

A Ferro e Fogo...

Há 200 anos atrás a sombra de Napoleão pairava sobre toda a Europa.

A França Imperial esmagava tudo e todos. O Exército Francês aliado ao Império Austro-Húngaro esmaga a oposição de italianos, espanhóis, holandeses, dinamarqueses, polacos e egípcios.

A Napoleão apenas resistem Portugal, Grã-Bretanha, Suécia e Rússia.

Entre 1800 a 1815, a Europa transforma-se num gigantesco campo de batalha e Napoleão auto proclama-se Imperador.

Em 1807, D. João VI foge com a família real para o Brasil.


A 19 de Novembro de 1807, os franceses invadem Portugal, com a cumplicidade dos espanhóis.

A 30 de Novembro de 1807 cai Lisboa.

Wellington organiza as forças anglo lusas e a 30 de Agosto de 1808 obriga Junot à rendição em Sintra.


Na Primavera de 1810 regressa o exército napoleónico, na 3ª incursão francesa em território nacional.

Massena, a 21 de Junho de 1810 põe cerco a Almeida e faz explodir o seu castelo.

Caem Viseu, Porto, Coimbra, travam-se combates no Buçaco, Foz de Arouce, Lousã.


As forças anglo lusas reagrupam nas linhas de Torres Vedras.

Massena à frente de 65.000 homens marcha em direcção ao Sul e à Capital, sendo definitivamente travado pelas linhas de Torres.

Para além das fortificações portuguesas, o duro Inverno e o Rio Sizandro transformam-se em obstáculos intransponíveis.


Sem conseguir avançar, enfrentado a fome, a chuva, o frio, a doença e a falta de comunicações Massena inicia a retirada das suas forças na noite de 15 de Novembro de 1810, a coberto do Nevoeiro.



A campanha dos exércitos anglo luso, entre Maio e Agosto de 1813, culminou na batalha de Vitória, seguida um mês depois pela batalha dos Pirinéus. Em pouco mais de dois meses e depois de uma ofensiva de 600 quilómetros com mais de 100 mil homens das três nações em armas, o curso da história europeia foi modificado de forma decisiva. Seguiu-se uma série de batalhas em território francês até à vitória em Toulouse (10 de Abril de 1814), que colocou fim à Guerra Peninsular.

Em 14 de Setembro de 1812 Napoleão ocupa Moscovo, a 19 de Outubro inicia a retirada.

A 5 de Dezembro de 1812 abandonou o grande exército e dirige-se para Paris.

Começava o princípio do fim, para o Homem que sonhou conquistar o Mundo…

Texto – Mário Nunes

domingo, novembro 25, 2007

Siriloko, nasce tão bêbado que anda de lado…

Desde Março de 2006, que está na rede, este simpático blogue de humor brasileiro, da autoria de Niler Barcelos.

Sempre diferente e primando pela boa disposição e um «non sense» fora do vulgar, onde não falta uma boa dose de sal e pimenta…


«Bolinha Perdida...»


Q.B. e em boa dose.

E também algumas gatinhas simpáticas e com pouca roupa…

A merecer por todos os motivos mais que uma visita!


«Nunca pare o seu carro perto do prédio da sua ex...»


É caso para dizer, se está triste anime-se e visite o Siriloko, porque Humor e Boa Disposição também é Kultura…

E fica o convite:

http:// http://www.siriloko.blogspot.com

Texto - Mário Nunes
Fotos - Siriloko, de Niler Barcelos

sexta-feira, novembro 23, 2007

Enola Gay, Orchestral Manouvres in the Dark


Longe vai o ano de 1980 e o album Organization, dos Orchestral Manouvres in the Dark, recordando Enola Gay, dos OMD, banda de Liverpool contemporânea dos Echo & the Bunnymen, dos The Teardrop Explodes e ainda dos Frankies Goes to Hollywood.

O grupo foi formado por Andy Mc Cluskey e Paul Humphreys e mantiveram.-se juntos até 1989, ano em que o grupo se dissolveu. McCluskey manteve o nome do grupo e continuou a gravar, agora regressou à estrada com os OMD e com uma nova formação.

Os OMD inspiraram-se na música dos Kraftweerk e dos Neu, bandas germânicas que apostavam na música electrónica. A OMD primava pela qualidade e pela criatividade.

Enola Gay recorda ainda, o avião americano que lançou a bomba atómica em 1945, sobre a cidade japonesa de Hiroshima, apressando o fim da II Guerra Mundial.

Mais sobre os Orchestral Manouvres in the Dark:

http://www.omd.uk.com

Albuns

Year

Album

UK

US

1980

Orchestral Manoeuvres in the Dark

27

-

1980

Organisation

6

-

1981

Architecture & Morality

3

144

1983

Dazzle Ships

5

162

1984

Junk Culture

9

182

1985

Crush

13

38

1986

The Pacific Age

15

47

1988

The Best Of OMD

2

46

1991

Sugar Tax

3

-

1993

Liberator

14

169

1996

Universal

24

-

1998

The OMD Singles

16

-

2000

Peel Sessions 1979-1983

-

-

2001

Navigation The OMD B-Sides

-

Texto e Pesquisa - Mário Nunes

quarta-feira, novembro 21, 2007

Coimbra Antiga (10)

Ponte de Santa Clara coexistindo com a nova ponte

Rio Mondego, as tricanas, ao fundo, a lusa Atenas...

Onde hoje se situa a Ponte Açude

Imagens doutros tempos, a preto e branco, duma cidade com cerca de 2.000 anos de História.
Coimbra Eterna.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Bangladesh, Se Nada Tinham Pior Ficaram!

Dias depois da passagem do Super Ciclone Sidr, de categoria 4, com ventos superiores a 250 km/h, que varreu literalmente o Bangladesh, uma das nações mais pobres do mundo, deixando-a sem recursos e bens materiais, o auxílio e o apoio humanitário tardam em chegar.


O mar galgou a frágil e extensa costa do Golfo de Bengala e as ondas avançaram terra dentro, enquanto as rajadas ciclónicas espalharam a morte e a destruição. Para já estão contabilizados mais de 3000 mortos, mas as previsões mais optimistas do Crescente Vermelho apontam para um número superior aos 10.000.


O país encontra-se devastado e as culturas destruídas…

É necessária ajuda para milhões de sobreviventes!

Precisa-se urgentemente do fornecimento de alimentos, água potável roupa e medicamentos!


Na esteira do Sidr, corpos de pessoas e animais a flutuar continuam a descer os rios e o cheiro a morte encheu o ar.

Já começamos a pagar a factura, do aquecimento global!

Texto – Mário Nunes

Fotos - Reuters


sábado, novembro 17, 2007

Vem aí o Cometa Holmes!

O Sol é o maior corpo celeste do Sistema Solar, certo?

Errado!

Desde, o passado dia 23 de Outubro de 2007, um cometa, um simples cometa, tirou o todo-poderoso Astro Rei do seu cargo.

Como?

Uma outra estrela invadiu nosso sistema?

Longe disso.

Quem assumiu este posto foi um cometa...

"Esta é uma extraordinária explosão", disse Brian Marsden, director emérito do Minor Planet Center, que monitoriza cometas e asteróides. "E uma vez que não têm uma cauda direita agora, alguns observadores têm confundido ele com uma Nova. Nós tivemos, pelo menos, dois relatórios de uma nova estrela".



O Cometa Holmes encontra-se na constelação de Perseus e é visível durante a maior parte da noite. De facto, para os observadores à latitude de Boston, o cometa é circumpolar, nunca inferior a definição do horizonte. Na aparência, ele parece um pouco nebuloso, como se fosse uma estrela amarela.


Calma, vamos aos factos…

O cometa Holmes, aumentou o seu brilho quase 1 milhão de vezes, em 24 horas, no dia 23 de Outubro de 2007, passando a ser o maior objecto do nosso Sistema Solar, de acordo com as últimas observações de um grupo de astrónomos que utilizaram o telescópio de 3,4 metros localizado no topo do vulcão Mauna Kea, no Havai, para obter uma imagem do cometa e com isso tentar medir o seu diâmetro. Eles chegaram à conclusão de que a bolha de gás e material em volta do núcleo do cometa já é ligeiramente maior que o tamanho do Sol!



Recapitulando, o cometa Holmes saltou da magnitude 17 para quase 2 em 24 horas apenas. Isso já havia acontecido antes com ele, e especula-se que nas duas vezes deve ter havido uma explosão no interior do núcleo. Isto porque os núcleos dos cometas são instáveis podendo ser porosos, com grandes galerias e túneis, que por vezes desabam e expõem material volátil que estava protegido pelas camadas superiores.



Esse material aquece, sublima e explode o resto do gelo sujo à sua volta. Parece que foi isso que aconteceu com o Holmes.

A NASA e o telescópio Hubble estão já com o Holmes na mira…

Ler mais em:

http://www.skyandtelescope.com/observing/home/10775326.html http://www.space.com/spacewatch/071025-comet-holmes.html.

http://www.cfa.harvard.edu/iau/Ephemerides/Comets/0017P.html.

http://www.cfa.harvard.edu/press/2007/pr200726_images.html


quarta-feira, novembro 14, 2007

A Utopia segundo Philip K. Dick

Philip Kindred Dick nasceu em 16 de Dezembro de 1928, em Chicago e faleceu a 2 de Março de 1982, em Santa Ana, Califórnia), também conhecido pelas iniciais PKD ou por Philip K. Dick, foi um escritor de ficção científica que alterou profundamente este género literário. Apesar de ter tido pouco reconhecimento em vida, a adaptação de inúmeras das suas novelas ao cinema acabou por tornar a sua obra conhecida de um vasto público, sendo aclamado tanto pelo público como pela crítica.


Filho de um funcionário do governo federal, a sua irmã gémea morreu quase à nascença. Os seus pais divorciaram-se quando Philip contava quatro anos de idade. Acompanhou a mãe na sua mudança para a Califórnia, onde estudou, ingressando na Escola Secundária de Berkeley, onde permaneceu até 1945. Matriculou-se então na Universidade da Califórnia, onde estudou Filosofia e Alemão, abandonando o curso para trabalhar como disc-jockey numa emissora de rádio, mantendo, ao mesmo tempo, uma loja discográfica.


O seu percurso atravessou alguns dos períodos mais críticos da América. Primeiro foi a Grande Depressão, a crise de 1929, que durou toda a década de trinta, terminando apenas com a II Guerra Mundial. Depois seguiram-se os anos negros do Mccartismo e as paranóias da guerra fria, a corrida aos armamentos e o terror nuclear. Foi neste clima conturbado e tenso, também marcado por profunda revolução tecnológica e científica que Dick começou a escrever, corria a década de 50.



Publicou o seu primeiro conto de ficção científica na revista Planet Stories. Chegou a terminar alguns romances de índole autobiográfica, mas não conseguiu encontrar quem os editasse. Decidiu portanto dedicar-se inteiramente à ficção científica, convicto de que este género poderia melhor abarcar as suas especulações filosóficas.


A sua primeira obra publicada foi Solar Lottery – Lotaria Solar em 1955. A acção da obra decorria no século XXIII, num tempo em que a democracia como forma de eleição foi substituída por uma sistema de lotaria que decide as funções dos indivíduos na sociedade. No entanto, vem-se a descobrir que a sorte está viciada. Após o aparecimento de obras como Eye In The Sky de 1956, Dr Futurity de 1960 e Vulcan's Hammer de 1960, Philip K. Dick conseguiu ser reconhecido como escritor, sobretudo com a publicação de The Man In The High Castle de 1962. O romance recriava um mundo em que a Alemanha e o Japão venceram a Segunda Guerra Mundial.

Em 30 anos publicou cerca de quatro dezenas de livros e mais de uma centena de contos, a maioria dos quais situados algures entre a ficção científica, a fantasia e o suspense.

Por ter mantido relações com o Partido Comunista norte-americano, o escritor foi alvo de cuidadosas investigações por parte do FBI e dos serviços secretos. A visão quase paranóica da realidade que Dick demonstrou em muitos dos seus trabalhos não seria portanto de todo infundada.

Inspirando-se em ideias do Budismo, Cabalismo, Gnosticismo e outras doutrinas herméticas, e combinando-as com certos aspectos das novas crenças na parapsicologia, extraterrestres e percepção extra-sensorial, o autor criou mundos alternativos nos quais acabou eventualmente por julgar viver. Consumindo álcool e drogas em excesso, alegou ter sido contactado em 1974 por uma inteligência alienígena.

PKD explorou em muitas das suas obras temas como a realidade e a humanidade, utilizando normalmente como personagens pessoas comuns e não os normais heróis galácticos de outras obras do género. Precursor do género cyberpunk, o seu livro «Do Androids Dream of Electric Sheep?» inspirou o filme Blade Runner – Perigo Eminente, que, já perto da sua morte por apoplexia, serviu como introdução a Hollywood e levou a que outras obras suas fossem adaptadas ao cinema.



Os filmes Minority Report / PT: Relatório Minoritário/ BR: Minority Report: A Nova Lei (com Tom Cruise), Total Recall / O Vingador do Futuro (com Arnold Schwarzenegger), O Pagamento / Pago para Esquecer (com Bem Affelek) e A Scanner Darkly / O Homem Duplo (com Keanu Reeves), Next – Sem Alternativa, de Lee Tamahori, com Nicolas Cage também são baseados em novelas ou contos seus.

É significativo o número de obras de Philip K. Dick traduzidas em Portugal por Editoras como a Livros do Brasil, a Europa-América e a Presença.


Entre outros: Lotaria Cósmica (1955), O Profanador (1956), Marionetas Cósmicas (1957), O Homem mais Importante do Mundo (1959), O Tempo dos Simulacros (1964), Os Clãs da Lua de Alfa (1964), A Penúltima Verdade (1964), Os 3 Estigmas de Palmer Eldritch (1965), Depois da Bomba (1965), à Espera do Ano Passado (1966), A Arma Impossível (1967), Ubik – Entre Dois Mundos (1969), Vazio Infinito (1974), O Homem Duplo (1977), Perigo Eminente 1968, Fenda no Espaço (1966), O Mistério de Valis (1981), O Homem do Castelo Alto (1982).




Propostas de leituras:

- Ubik, de Philip K. Dick, na Livros de Bolso Europa América, FC 6

Ubik… onde se perdem as fronteiras entre a vida e a morte.

Onde é Ubik? Nunca advinhará…

Quem é Ubik? Que é Ubik?

Terá de descobri-lo…



- Os 3 Estigmas de Palmer Eldritch, de Philip K. Dick, na Livros de Bolso Europa América, FC 10

O Inferno é um futuro no Espaço.

Um futuro em que, a qualquer momento, você pode ser deportado para colonizar outros planetas.

A menos que seja projectado…

O único meio para sobreviver nos mundo a colonizar é a droga miraculosa, que durante uma hora, proporciona um esquecimento total… para uma viagem que está para além da experiência humana.

É que um novo narcótico apareceu, um narcótico que transforma em eternidade o tempo breve dessa hora.

E então passado, presente e futuro pertencem ao mais diabólico passador de droga que jamais existiu Palmer Eldritch



- Vazio Infinito, Philip K. Dick, na Livros de bolso Europa América, FC 57

Na Cidade que o esqueceu um Homem procura a identidade perdida. Quando a ficção começa hoje…


- A Penúltima Verdade, Philip K. Dick, na Livros de Bolso Europa América, FC 74

Terceira Guerra Mundial

Quinze anos a viver como formigas

Em 2010, a penúltima verdade, a maior burla duma História possível

Os homens abandonam a superfície devastada e escondem-se em abrigos subterrâneos!

Nenhum, nunca mais, desde aquele dia viu alguma vez a luz do Sol…

Nenhum sabe que a guerra acabou.

Nenhum sabe a verdade da superfície

Descubra mais em:

http://www.philipkdick.com

http://www.pkdickbooks.com

http://www.philipkdickfans.com

http://www.themodernword.com/scriptorium/dick.html

Texto – Mário Nunes

domingo, novembro 11, 2007

11 de Novembro de 1918 - Não Aprendemos Mesmo Nada!

Papoilas vermelhas sobre um jardim de cruzes assinalam o Dia da Memória, que se comemora hoje, no 89ª aniversário do armistício que pôs fim à I Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial foi o conflito mundial ocorrido entre Agosto de 1914, a 11 de Novembro de 1918.

A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917), Portugal, Japão, Itália (a partir de 1915) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Império Turco-Otomano).

Em 28 de Junho de 1914, o Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, e sua esposa foram assassinados pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra, que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios. O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas as suas verdadeiras causas são muito mais complexas.


Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão alemã tinha provocado a decisão britânica de intervir em ajuda da Tríplice Entente.

Inicialmente os alemães tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de Agosto a 24 de Agosto, 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a Rússia numa série de confrontos ocorridos em Tannenberg entre 17 de Agosto a 2 de Setembro, 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que conseguiram travar os alemães no seu caminho para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo colocou-se numa posição defensiva dentro de França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e britânicos.

Há quem diga que a I Guerra Mundial foi a última guerra feudal, mas inclino-me mais para a primeira guerra moderna, envolvendo inúmeros países, combatendo em diferentes frentes, palcos de guerra, continentes, no céu, na terra e no mar, envolvendo novas armas, cada vez mais mortíferas.

Foi nesta guerra que surgiu a aviação e se assistiu aos primeiros bombardeamentos de povoações civis e indefesas.

Apareceram os carros de combate, as metralhadoras tornaram-se a arma de eleição da infantaria moderna e artilharia tornou-se letal.

Em terra surgiu a guerra de trincheiras e pela primeira vez as armas químicas de destruição maciça fizeram a sua aparição, em 1915 os alemães utilizaram gás tóxico na suja guerra de trincheiras.

No mar, os barcos tornaram-se mais rápidos e a tonelagem destes aumentou.



Muitos dos combates durante a guerra envolveram a guerra das trincheiras, onde milhares de soldados por vezes morriam só para ganhar um metro de terra. Muitas das batalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial –Ypres, Vimy Ridge, Marne, Cambrai, Somme, La Lys (onde tombaram milhares de soldados portugueses), Verdun, e Gallipoli. A artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

A partir de 1917, devido à entrada dos EUA na Guerra, o rumo dos acontecimentos alterou-se, sendo o exército alemão rechaçado e derrotado.

O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 de Novembro de 1918. Às 11h do 11º dia do 11 mês.

A guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente.

Noventa anos depois, quase tudo permanece na mesma, a paz instável no Kosovo, a Rússia expectante e o exército turco na fronteira do Curdistão, a recordar outros genocídios…



quarta-feira, novembro 07, 2007

A Revolução Russa de Novembro... de 1917

Cruzador Aurora, navio que ajudou os bolcheviques a tomar o poder em São Petersburgo, em 1917

Até 1917, o Império Russo foi uma monarquia absolutista. A monarquia era sustentada principalmente pela nobreza rural, dona da maioria das terras cultiváveis. Das famílias dessa nobreza saíam os oficiais do exército e os principais dirigentes da Igreja Ortodoxa Russa.

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha a maior população da Europa, com cerca de 350 milhões de habitantes. Defrontava-se também com o maior problema social do continente: a extrema pobreza da população em geral.

Enquanto isso, as ideologias liberais e socialistas penetravam no país, desenvolvendo uma consciência de revolta contra os nobres. Entre 1860 e 1914, o número anual de estudantes universitários cresceu de 5000 para 69000 e o número de jornais diários cresceu de 13 para 856.

A população do Império Russo era formada por povos de diversas etnias, línguas e tradições culturais. Cerca de 80% desta população era rural e 90% não sabia ler e escrever, sendo duramente explorada pelos senhores feudais. Com a industrialização foi-se estabelecendo progressivamente uma classe operária, igualmente explorada, mas com maior capacidade reivindicativa e aspirações de ascensão social. A situação de extrema pobreza e exploração em que vivia a população tornou-se assim um campo fértil para o florescimento de ideias socialistas.

Mesmo abatida pelos reflexos da derrota militar frente ao Japão, a Rússia envolveu-se noutro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que também sofreu pesadas derrotas nos combates contra os Alemães. A longa duração da guerra provocou crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando uma série de greves e revoltas populares. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se intensamente debilitado.



Czar Nicolau II

Numa das greves em Petrogrado (actualmente São Petersburgo, então capital do país), Nicolau II toma a última das suas muitas decisões desastrosas: ordena aos militares que disparem sobre a multidão e contenham a revolta. Partes do exército, sobretudo os soldados, apoiam a revolta. A violência e a confusão nas ruas tornam-se incontroláveis.

Em 15 de Março de 1917, o conjunto de forças políticas de oposição (liberais burguesas e socialistas) conseguiu depor o czar Nicolau II, dando início à Revolução Russa.

Revolução de Fevereiro ou Revolução Branca

A primeira fase, conhecida como Revolução de Fevereiro, ocorreu de Março a Novembro de 1917. Sucedendo-se as reuniões, as greves, as passeatas, os tumultos, e os motins, tendo as tropas encarregues de disparar contra a multidão por diversas vezes, se recusado a fazer, passando para o lado dos revoltosos.

Em 2 de Março de 1917 o Czar Nicolau II assina a sua abdicação

Derrubado o czar, tomo posse um governo provisório liderado por Georgy Lvov e Kerenski.

Com a ajuda alemã, Lenine regressa à Rússia em Abril, pregando a formação de uma república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes.

Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo continuava. A comida era escassa, a inflação bateu a casa dos 1.000 %, as tropas desertavam da frente matando seus oficiais, propriedades da nobreza latifundiária eram saqueadas e queimadas. Nas cidades, conselhos operários foram criados na maioria das empresas e fábricas. A Rússia ainda continuava na guerra.

Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha

A segunda fase, conhecida como revolução de Outubro, teve início em Novembro de 1917.

Na madrugada do dia 25 de Outubro os bolcheviques, liderados por Lenine e com a ajuda de elementos anarquistas e Socialistas Revolucionários, cercaram a capital, onde estavam sedeados o Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado. Muitos foram presos, mas Kerenski conseguiu fugir. À tarde, numa sessão extraordinária, o Soviete de Petrogrado delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo, dominado pelos bolcheviques. O Comité Executivo do mesmo Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão dessa assembleia e convocou os sovietes e o exército a defender a Revolução contra o golpe bolchevique. Entretanto, os bolcheviques predominaram na maior parte das províncias de etnia russa. O mesmo não se deu em outras regiões, tais como a Finlândia, a Polónia e a Ucrânia.

Em 3 de Novembro, um esboço do Decreto sobre o Controle Operário foi publicado. Esse documento instituía a autogestão em todas as empresas com 5 ou mais empregados. Isto acelerou a tomada do controle de todas as esferas da economia por parte dos conselhos operários, e provocou um caos generalizado, ao mesmo tempo que acelerou ainda mais a fuga dos proprietários para o exterior.

Era consenso entre todos os partidos políticos russos de que seria necessária a criação de uma assembleia constituinte, e que apenas esta teria autoridade para decidir sobre a forma de governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para essa assembleia ocorreram em 12 de Novembro de 1917, como planeado pelo Governo Provisório, e à excepção do Partido Constitucional Democrata, que foi perseguido pelos bolcheviques, todos os outros puderam participar livremente. Os Socialistas Revolucionários receberam duas vezes mais votos do que os bolcheviques, e os partidos restantes receberam muito poucos votos.



Durante este período, o governo bolchevique tomou uma série de medidas de impacto, como:

  • Pedido de paz imediata: em Março de 1918, foi assinado, com a Alemanha, o Tratado de Brest-Litovski, onde a Rússia abriu mão do controle sobre a Finlândia, Países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia), Polónia, Bielo-Rússia e Ucrânia, antes sob seu domínio.
  • Nacionalização da propriedade privada: As grandes propriedades foram tomadas pelo povo aos aristocratas e à Igreja Ortodoxa.
  • Declaração do direito nacional dos povos: o novo governo comprometeu-se a acabar com a dominação exercida pelo governo russo sobre regiões tais como a Finlândia, a Geórgia ou a Arménia.
  • Estatização da economia: o novo governo passou a intervir directamente na vida económica, nacionalizando diversas empresas.

Guerra civil

Durante o curto período em que os territórios cedidos no Tratado de Brest-Litovski estiveram em poder do exército alemão, as várias forças anti-bolcheviques puderam organizar-se e armar-se. Estas forças dividiam-se em três grupos que também lutavam entre si:

- Czaristas ,

- Liberais,

- Anarquistas.

Terminada a guerra civil, a Rússia estava completamente arrasada, com graves problemas para recuperar sua produção agrícola e industrial.

Sem ser saudosista, nem poder ser rotulado de comuna, já se tornou lugar comum afirmar que a Revolução Russa de 1917, tem o mesmo significado para o século XX, do que a Revolução Francesa para o século XIX. Ambas foram formidáveis movimentos de massas e ideias que deram novo perfil à História da Humanidade: transformando a vida de milhões e empolgando ou aterrorizando outros tantos.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Axé, axé, axé, Martinho da Vila!


«Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de Fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, veio para o Rio de Janeiro com apenas 4 anos. Quando se tornou conhecido, voltou a Duas Barras para ser homenageado pela prefeitura em uma festa, e descobriu que a fazenda onde havia nascido estava à venda. Não hesitou em comprá-la e hoje é o lugar que chama de “meu off-Rio”.

Axé, axé, axé pra todo o mundo, axé

Muito axé, muito axé

Muito axé pra todo o mundo, axé

- Eu negro brasileiro

Desejo pra esse Brasil, De todas as raças,

De todos os credos axé



Cidadão carioca criado na Serra dos Pretos Forros, sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI.
Um pouco mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional.

Pai de oito filhos e avô de sete netos, Martinho conservou o estado civil de solteiro até conhecer Cléo, no início da década de noventa. Para compensar , em Maio de 1993, casou-se duas vezes com Clediomar Corrêa Liscano Ferreira. No civil no dia 13 e no religioso no dia 31. E foi o próprio Martinho quem manuscreveu o convite aos amigos.

Sua carreira artística surgiu para o grande público no III Festival da Record, em 1967, quando concorreu com a música “Menina Moça”. O sucesso veio no ano seguinte , na quarta edição do mesmo festival, lançando a canção “Casa de Bamba”, um dos “clássicos” de Martinho .



Seu primeiro álbum , lançado em 1969, intitulado Martinho da Vila, já demonstrava a extensão de seu talento como compositor e músico, incluindo , além de “Casa de Bamba”, obras-primas como “O Pequeno Burguês”, “Quem é Do Mar Não Enjoa” e “Prá Que Dinheiro” entre outras menos populares como “Brasil Mulato”, Amor Pra que Nasceu” e “Tom Maior”.

Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil, sendo o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias com o CD “Tá delícia, Tá gostoso” lançado em 1995.

Hoje, é impossível saber de cor todos os prémios que ganhou. Toda essa história está no rico acervo em sua cidade natal, Duas Barras. Entre os títulos guardados com carinho estão os de Cidadão Carioca, Cidadão benemérito do estado do Rio de Janeiro, Comendador da República em grau de oficial e a Ordem do Mérito Cultural, por sua contribuição à cultura brasileira. Na colecção de medalhas, guarda a Tiradentes, além da famosa Pedro Ernesto, e na carreira musical ganhou em 1991 o Prémio Shell de Música Popular Brasileira.


Sua dedicação à escola de samba do coração, Unidos de Vila Isabel, iniciou em 1965. Antes, participava da extinta Aprendizes da Boca do Mato. A história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho. Desde essa época, assina vários sambas-enredo da escola.

Também envolvido nos enredos da escola, criou o “Kizomba A Festa da Raça” que está entre os mais memoráveis da história dos desfiles, e garantiu para a Vila, em 1988, seu consagrado título de campeã no grupo especial.

Embora internacionalmente conhecido como sambista, com várias composições gravadas no exterior, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB e compositor eclético, tendo trabalhado com o folclore e criado músicas dos mais variados ritmos brasileiros, tais como ciranda, frevo, côco, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, samba-enredo, toada e sembas africanos.

Seu espírito de pesquisador incansável, viaja desde o disco “O canto das lavadeiras”, baseado no folclore brasileiro, lançado em 1989, até aos mais recentes trabalhos “Lusofonia” , lançado no início de 2000, reunindo músicas de todos os países de língua portuguesa e ainda «Brasilatinidade», de 2005, com a portuguesa Katia Guerreiro, a espanhola Rosário Flores, a grega Nana Mouskouri e a italiana Maffalda Minhozzi.

Em Setembro de 2000 concretizou, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um de seus projectos mais cultuados: a apresentação do “Concerto Negro” . Idealizado por Martinho e pelo maestro Leonardo Bruno, o espectáculo enfoca a participação da cultura negra na música erudita.

Para cuidar de suas diversas atividades, criou o Grupo Empresarial ZFM abrindo as portas para sambistas com um selo musical e inaugurando sua própria editora, com seu primeiro romance “Joana e Joanes” »

In http://www.martinhodavila.com.br

Martinho da Vila e Maffalda Minhozzi

“Quem quiser saber meu nome
Não precisa perguntar
Sou Martinho lá da Vila
Partideiro devagar

Quem quiser falar comigo
Não precisa procurar
Vá aonde tiver samba
Que eu devo estar por lá”

No concerto de Martinho da Vila no Coliseu, e pode-se dizer que aquele Senhor é simplesmente maravilhoso. O concerto foi muito bom, a mim soube-me a pouco e com certeza ao resto do coliseu que estava cheio. Gostei também muito da prestação da Katia Guerreiro, dona de uma voz impressionante, que marca bem a nossa cultura fadista, mas o Martinho...é um símbolo da musica brasileira, do melhor (para mim o melhor) que se faz por lá, a sua voz é inconfundível, calorosa, carregada de simpatia e de carinho, faltariam adjectivos para o descrever, quem gosta sabe do que falo, quem não conhece, vale a pena começar a ouvir.

A latinidade foi celebrada, oficialmente, pela primeira vez em 2001. A partir de então é comemorada todo dia 15 de Maio em Portugal. Esta data foi criada em Outubro de 2000, com o objectivo de dinamizar acções sobre valores culturais e linguísticos comuns a toda comunidade de língua latina, nomeadamente o português, espanhol, italiano, francês e romeno. A comemoração é resultado da organização conjunta dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação, da União Latina e do Instituto Português da Juventude. Agora, Martinho da Vila celebra também este tema com Brasilatinidade, que contribui para aproximar os diversos povos e culturas latinas.


Martinho da Vila - Mulheres
Composição: Toninho Geraes

Já tive mulheres de todas as cores
De várias idades de muitos amores
Com umas até certo tempo fiquei
Pra outras apenas um pouco me dei
 
 
Já tive mulheres do tipo atrevida
Do tipo acanhada do tipo vivida
Casada carente, solteira feliz
Já tive donzela e até meretriz
 
 
Mulheres cabeças e desequilibradas
Mulheres confusas de guerra e de paz
Mas nenhuma delas me fez tão feliz como você me faz
 
 
Procurei em todas as mulheres a felicidade
Mas eu não encontrei e fiquei na saudade
Foi começando bem mas tudo teve um fim
Você é o sol da minha vida a minha vontade
Você não é mentira você é verdade
É tudo que um dia eu sonhei pra mim.

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