Era uma vez…
Dantes era assim que começavam todas as histórias.
E, poderia ser assim, se recuássemos 600 a 700 anos, até
ao século XIV, vamos encontrar um mundo e uma Europa bem diferente da actual, a
sair da Idade Média e onde os estados não tinham as fronteiras bem definidas,
onde prevalecia o obscurantismo sobre a ciência e a religião católica
sobrepunha-se a tudo o resto.
A Europa era tudo menos cor-de-rosa naquele tempo.
Naquela altura, a peste negra ceifava milhões de vidas e
a guerra dos cem anos estava no auge, recorde-se que este conflito foi travado
entre a França e a Inglaterra entre 1337 e 1457. Os turcos estavam nos Balcãs e
às portas de Viena.
O Renascimento e os Descobrimentos ainda estavam por
ocorrer.
Mas, houve um acontecimento que marcou aquela altura, um
grande cisma, na Igreja Católica Romana, uma crise religiosa que abalou a
cristandade e que ficaria marcada nos livros de História como o Grande Cisma do
Ocidente.
Imagine que em vez de um, existiam não um, nem dois, mas
três papas… sim 3 papas.
Passo a explicar melhor….
Entre 1309 e 1377, a
residência do papado foi alterada de Roma para Avinhão, em França, pois o Papa
Clemente V foi levado (sem possibilidade de debate) pelo rei francês para
residir em Avinhão. Em 1378, o Papa Gregório XI voltaria para Roma, onde
faleceria. A população italiana desejava que o papado fosse restabelecido em
Roma. Foi então eleito o Papa Urbano VI, de origem italiana. No entanto, ele
demonstrou ser um papa muito autoritário, de modo que uma quantidade
considerável do Colégio dos Cardeais, anularia a sua votação e foi realizado um
novo conclave, sendo eleito Clemente VII, que passou a residir em Avinhão.
Iniciara-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia
em Avinhão, reclamando ambos para si o poder sobre a Igreja Católica.
Posteriormente, surgiria outro Antipapa em Pisa. O cisma terminou no Concílio
de Constança em 1417, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.
Mais pormenorizadamente:
O Papa Gregório XI deixou Avinhão e restabeleceu a
Santa Sé em Roma, onde morreu em 27 de Março de 1378. A eleição de seu sucessor
definiria a residência do futuro papa em Avinhão ou Roma. O nome do Bartolommeo
Prignano, Arcebispo de Bari considerado com uma rígida moral e inimigo da
corrupção, foi proposto. Os dezasseis cardeais italianos presentes em Roma
reuniram-se em conclave em 7 de Abril. No dia seguinte escolheram Prignano.
Durante a eleição houve grande perturbação na cidade, pois o povo de Roma e dos
arredores esforçou-se para influenciar a decisão dos cardeais, que tomaram
meios para evitar possíveis dúvidas. No dia 13 eles realizaram uma nova eleição
e, novamente, escolheram o Arcebispo Prignano para se tornar papa. Durante os
dias seguintes todos os membros do Colégio dos Cardeais aprovaram o novo papa,
que tomou o nome de Urbano VI e tomou posse. Um dia depois, os cardeais
italianos notificaram oficialmente a eleição de Urbano aos seis cardeais
franceses em Avinhão, que o reconheceram como papa e, em seguida, escreveram ao
Imperador e aos demais soberanos. Tanto o cardeal Roberto de Genebra, o futuro Antipapa
Clemente VII de Avinhão, e Pedro de Luna de Aragão, o futuro Antipapa Bento
XIII, também aprovaram sua eleição.
O Papa Urbano não atendeu às necessidades de sua
eleição, criticou os membros do Colégio dos Cardeais e se recusou a restaurar a
sede pontifical em Avinhão. Os cardeais italianos, então, em maio de 1378, se
retiraram para Anagni, e em Julho para Fonti, sob a protecção da Rainha Joana
de Nápoles, iniciaram uma campanha contra a sua escolha, preparando-se para uma
segundo eleição. Em 20 de Setembro, treze membros do Colégio do Cardeais
fizeram um novo conclave em Fondi e escolheram Roberto de Genebra como papa,
que tomou o nome de Clemente VII. Alguns meses depois, esse antipapa, apoiado
pelo Reino de Nápoles, assumiu sua residência em Avinhão. O cisma começava.
Clemente VII mantinha relações com as principais
famílias reais da Europa. Os estudiosos e os santos da época normalmente
apoiavam o papa adoptado pelo seu país. A maior parte de estados italianos e
alemães, a Inglaterra e a Flandres apoiaram o papa de Roma. Por outro lado, França,
Espanha, Escócia e todas as nações aliadas da França apoiaram o antipapa de
Avinhão. O conflito rapidamente deixou de ser um assunto da Igreja para se
tornar um incidente diplomático disseminado pelo continente europeu:
França, Aragão, Castela, Leão, Chipre, Borgonha,
Condado de Sabóia, Nápoles e Escócia reconheceram o reclamante de Avinhão;
Dinamarca, Inglaterra, Flandres,
o Sacro Império, Hungria, Norte da Itália, Irlanda, Noruega, Polónia e Suécia
reconheceram o reclamante de Roma.
Os papas excomungaram-se mutuamente, nomeando outros
cardeais para compensar as deserções, enviando mensageiros para a cristandade
defendendo sua causa e estabelecendo sua própria administração. Posteriormente Bonifácio
IX sucedeu a Urbano VI em Roma e Bento XIII sucedeu a Clemente em Avinhão.
Vários clérigos reuniram-se em concílios regionais na França e em outros
lugares, sem resultado definitivo. O rei da França e seus aliados em 1398
deixaram de apoiar Bento, e Geoffrey Boucicaut sitiou Avinhão, privando o
antipapa de comunicação com todos aqueles que permaneceram fiéis a ele. Bento
retomou a liberdade somente em 1403. Inocêncio VII já tinha sucedido Bonifácio
de Roma, e após um pontificado de dois anos, foi sucedido por Gregório XII.
Na época do cisma ocorriam na Península Ibérica as guerras
fernandinas e a crise de 1383-1385, ambas opondo os reinos de Castela e Portugal por
questões dinásticas. Assim, no tempo de Fernando I de Portugal a sua desastrosa
política externa levou-o a apoiar o Papa de Avinhão, que também tinha o apoio
de Castela; depois da crise sucessória, como Castela continuasse a defender o
papa de Avinhão, não será de estranhar que João I de Portugal, para mostrar bem
a sua independência, fosse pelo Papa romano.
Em 1409, um concílio que se reuniu em Pisa acrescentou
um outro antipapa e declarou os outros dois depostos. Depois de muitas
conferências, discussões, intervenções do poder civil e várias catástrofes, o Concilio
de Constança (1414)
depôs o Antipapa João XXIII, recebeu a abdicação do Papa Gregório XII, e
finalmente, conseguiu depor o Antipapa Bento XIII. Em 11 de Novembro de 1417, o
concílio elegeu Odo Colonna, que tomou o nome de Martinho V, com o que terminou
o grande cisma do Ocidente e foi restabelecida a unidade. O prestígio do papado
foi profundamente afectado com esta crise, o que causou a criação da doutrina
conciliar, que sustenta que a autoridade suprema da Igreja encontra-se com um
concílio ecuménico e não com o papa, sendo efectivamente extinta no século XV.
Confusos?
É que para já temos dois papas. E ambos estão vivos!
Na Centúria
III, Quadra 5, Nostradamus escreveu:
Próximo à
“loing” a falta de dois grandes luminares
Que sobrevirá entre Abril e Março
O que penúria! Mas dois grandes “de bons ares”
Por terra e mar socorrerão todas as partes.
Que sobrevirá entre Abril e Março
O que penúria! Mas dois grandes “de bons ares”
Por terra e mar socorrerão todas as partes.
Segundo
estudiosos das profecias de Nostradamus, “loing” se refere a Bento XVI, como
visto em outras quadras. Os dois grandes luminares são João Paulo I e II. Bento
XVI de fato sobreviveu entre Abril e Março, já que foi eleito em um mês de Abril
e renunciou no último dia de Fevereiro. Os dois grandes de bons ares, segundo
as interpretações que mais parecem fazer sentido, seriam Brasil e Rússia, que
socorrerão todas as partes por terem o maior número de católicos no mundo (ou,
talvez, pela igreja evangélica brasileira e a ortodoxa russa, quem sabe?)
Centúria III,
Quadra 19
Em Luques
sangue e leite virão com força
Um pouco
antes mudança do pretor
Grande mal e
guerra, a fome e a sede serão vistas
Loing, onde
morrerá o seu príncipe retificador
Se Bento XVI
(Loing) é o rei, seu sucessor é o príncipe. Luques pode referir-se a Lucca,
província italiana da Toscana. Sangue e leite poderiam ser uma metáfora à lava
e à chuva ácida decorrentes de uma possível erupção do vulcão Lacial, na
Toscana. Esta poderia ser a causa da destruição de Roma presente em outras
profecias, que causaria ainda o mal, a guerra, a fome e a sede de que fala
Nostradamus, na época do próximo papa, o príncipe.
Centúria II,
Quadra 28
O penúltimo
com sobrenome de profeta
Terá Diana
no crepúsculo e repouso de sua vida
Loin irá
vagar por pensamentos frenéticos
Ao livrar
uma grande população de impostos
O penúltimo
seria Bento XVI, chamado Joseph, nome de profeta. Diana é o Vaticano. Lion também
é Bento XVI (os números romanos de Lion equivalem a XVI). A profecia se cumpre
ao afirmar que Bento XVI irá livrar uma grande população de impostos, posto que
renunciou ao cargo em amor à Igreja e para proteção dos católicos.
Centúria V,
Quadra 56
Depois da
morte do velho papa
Será eleito
um romano de boa idade:
Este será
acusado de enfraquecer a Santa Sé e viverá por um longo período,
Tomando
atitudes polemicas
O romano de
boa idade será o último papa e corresponde à profecia de Pedro Romano, que será
mais jovem que Bento XVI.
Sobre o papa
negro:
Através de Marte adverso será a monarquia
Do grande pescador em apuros ruinosa
Um tinto jovem negro vai aproveitar a hierarquia
Os predadores que agem em um dia nublado
Através de Marte adverso será a monarquia
Do grande pescador em apuros ruinosa
Um tinto jovem negro vai aproveitar a hierarquia
Os predadores que agem em um dia nublado
Quando fala
de Marte diverso, Nostradamus fala de um período de guerra. Pescador se refere
a papa. Entretanto, o jovem negro pode se referir tanto a um papa mais jovem
(de aproximadamente 60 anos) de cor negra quanto a um papa que vem de uma
ordem negra.
Centúria I,
Quadra 43
Antes que advenha a mudança de império
Antes que advenha a mudança de império
Virá
um caso bastante maravilhoso
A fortaleza
mudada, o pilar da rocha
Mas transmutado
sobre o rochedo negro
A mudança de
império pode se referir ao fim da Igreja Católica ou à sua mudança para
Jerusalém. O caso maravilhoso seria a renúncia de Bento XVI. A rocha seria o
papa, que seria transmutada no rochedo negro, ou papa negro, que pode ter os
significados mencionados acima.
A ver veremos…
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