500 anos de contactos
luso chineses, um livro a merecer uma leitura aprofundada...
Já ouvi muitos
disparates e dislates acerca da compra da EDP pelos chineses das Três
Gargantas (China Three Gorges), contudo
há várias questões que não devemos ignorar e que passo a enumerar:
- As excelentes
relações que se mantemos com a China há mais de 500 anos e que sobrevieram a
tudo e a todos, mesmo crises inesperadas, ao longo destes anos.
A China sempre manteve uma relação de respeito
para com a mais velha nação da Europa - Portugal.
- A China não adoptou a
postura da União Indiana (ver o caso de Goa, Damão e Diu) para reaver Macau.
- Em Macau mantêm-se
muitos portugueses a trabalhar, nas mais variadas actividades. Houve mesmo quem
depois da integração de Macau na China, regressasse ao rio das pérolas.
Lembram-se da máxima um país, dois sistemas?
- Há inúmeros
portugueses a trabalhar em Pequim e noutras cidades chinesas, sendo a
incubadora perfeita para muitas empresas portuguesas.
- Eu sei que me vão
falar em direitos humanos, prisões arbitrárias, horários de trabalho e práticas
pouco usuais. Mas, a própria China está a mudar e pode ser que alguns valores que
defendemos também passem para os chineses.
- A EDP é um gigante à
escala planetária, está nos EUA, em Espanha, no Brasil e em África.
- A EDP na sua
actividade incessante acumulou um passivo impressionante nestes últimos quatro
anos (Governo José Sócrates). Contudo nem tudo é mau, pois desenvolveram
tecnologia de ponta na área das renováveis (veja-se o apetite dos alemães).
Pesando e uns outros
argumentos, sei que só no final se farão as contas. Daqui por alguns anos…
Num mundo cada vez mais
global as aquisições serão a prática do dia.
Não nos devemos
esquecer que os verdadeiros amigos estão connosco nas horas boas e nas horas
más. E nestes tempos de crise, para além dos interesses interesseiros da União
Europeia, já muito dinheiro de Angola, do Brasil e da China entrou em Portugal.
Eu sei que abrimos a
porta da Europa aos Chineses. Mas, depois de atitudes pouco correctas por parte
dos países da Europa do Norte, o que é que eles estavam à espera? Pensavam que
iam comprar Portugal e as empresas portuguesas ao desbarato? Para as depois
retalhar e fazer de nós escravos? Extraindo os lucros?
Vem aí mais
investimento chinês: uma fábrica de automóveis, uma fábrica de tecnologias
renováveis e provavelmente a aquisição por parte destes dum banco português…
Este investimento
representa cerca de 10% daquilo que nos foi emprestado pela União Europeia, FMI
e BCE. E provavelmente a China não vai ficar por aqui.
Quem é que ajudou a
Islândia há três anos com a falência? Sabem quem injectou dinheiro quando os
outros fecharam a porta? A Rússia!
Em tempos de guerra não
se limpam armas…
O lugar de Portugal é
junto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné Bissau, Moçambique, Timor), devendo esta comunidade ser alargada à China
e à Índia. Sempre estivemos ligados ao Mundo e não à Europa. A Europa do Norte
nada nos diz. E muito menos a Europa a duas velocidades. É tempo de seguirmos o
nosso caminho sairmos da União e emitirmos moeda.
Só assim poderemos
escapar da borrasca que se avizinha.
– É nas horas difíceis que
se vêem quem são os nossos amigos. Por isso não entendo o prurido dalguns com o
investimento chinês em Portugal.