Não, não estou em Goa,
nem em qualquer estado da União Indiana, onde uma pequena minoria vive rodeada
de todos os luxos e mordomias proporcionadas pelos seus concidadãos.
Por estranho que pareça
falo-vos de Portugal, um pequeno país, da Europa dita periférica, que deu novos
mundos ao mundo, mas depois de quarenta anos de ditadura, ocorreu uma revolução de
cravos, onde praticamente não houve mortos, conheceu a Democracia e o estado
social inspirado nalgumas vivências do Norte da Europa.
Com o desenrolar dos
anos, os mesmos de sempre foram-se alternando no poder, tendo os Senhores de Outrora regressado do exílio dourado, que Abril lhes impôs e tocado os seus negócios
para a frente. Na década de 90 Portugal parecia um país perfeito, onde tudo parecia
funcionar…
Entretanto, começaram a
fechar empresas ditas estratégicas, em sectores vitais tais como por exemplo: a
metalomecânica (Siderurgia Nacional, Sorefame), a indústria de construção naval
(Lisnave, Setnave, Estaleiros de Viana), o pretexto na altura foi que estavam
ultrapassados, depois, uma a uma, noutros sectores, as fábricas foram fechando por esse país fora, nada escapava. As fábricas fecharam, passamos a
comprar aos chineses. E o mesmo está a passar-se por toda a Europa.
Em seguida seguiu-se a
agricultura, nos campos, a Europa dita amiga e comunitária pagava para arrancar
oliveiras e vinhas e para não produzir, fechou lagares e os campos pouco
atractivos foram abandonados pelos mais novos, os mais velhos morriam e o saber
perdeu-se…
Nessa altura proliferou em Portugal uma estranha cultura de jeeps, moradias e autoestradas.
Nessa altura proliferou em Portugal uma estranha cultura de jeeps, moradias e autoestradas.
No comércio, as grandes
superfícies esmagaram tudo e todos, nada escapando, nem mesmo, as pequenas
mercearias de bairro, que vendiam outrora fiado. Os pequenos negócios que subsistiam noutros tempo fecharam em nome da segurança alimentar e dum fascismo económico.
E agora chegou a vez
dos serviços…
A palavra de ordem é despedir, tudo fecha neste cantinho da Europa. É mais barato fechar do que pagar rendas e aos empregados.
Será isto sustentável?
A palavra de ordem é despedir, tudo fecha neste cantinho da Europa. É mais barato fechar do que pagar rendas e aos empregados.
Será isto sustentável?
Interrogo-me como é
possível sem trabalho, sem produção, como podemos andar para a frente?
Como é possível gerar
riqueza?
Que país é este?
Como foi possível
chegar a este ponto?
Prosseguindo…
Perdoem-me, será viavel conceder rendimentos mínimos ou de inserção, a um largo sector da
população, sector esse que nunca produziu ou fomentou riqueza (nada fazendo pela
sociedade)?
Será justo para aqueles
que ainda trabalham e fazem os seus descontos?
Como é possível se
reformarem trabalhadores com 55 anos (ou menos), quando poderiam trabalhar mais
dez anos?
Qualquer dia são mais
os reformados, que os trabalhadores…
Será que ninguém vê
nada?
Como é possível os
deputados, os autarcas (presidentes de junta de freguesia, vereadores
municipais, presidentes de câmara) e os governantes (secretários de estado,
ministros, presidentes da república), depois de dois mandatos de quatro anos
(oito anos) aposentarem-se?
Conheço alguns rapazes
e raparigas, com 42 e 48 anos, que já estão reformados, acumulando pensões e
subvenções…
Isto para não falar em
prémios dourados em empresas municipais…
Quantas Assembleias da
República pagamos?
Uma dizem vocês,
redonda mentira, com aqueles que estão em casa, serão mais de cinco…
Um prémio à sua vida contributiva…
Será justo para os seus
pares?
Isto para não falarmos
do mais elevado magistrado da nação, que aufere como Presidente da República,
tem uma pensão do Banco de Portugal e outra como professor universitário (isto para não falarmos de acções).
Mas, as coisas não
ficam por aqui…
Alguns políticos depois
dum esforço intenso ao serviço da nação foram premiados pela sua competência
com cargos no Banco Central Europeu, na ONU ou até mesmo em grandes companhias
multinacionais tais como por exemplo, a EDP, a GALP, a Mota Engil, a CGD e
outras.
Na formação académica da
maior parte destes senhores(as) não constam conhecimentos em Economia ou Gestão
de Empresas.
O que terá levado ao recrutamento de pessoas tão ilustres?
A sua prestação
anterior?
Os seus relacionamentos?
Uma troca de favores?
Um hipotético
pagamento?
Uma sociedade secreta?
Ou tudo junto?
Nestes negócios escuros
que decorrem nos corredores dos palácios dos aereópagos do pensamento, dos
modernos centros de decisão, misturam-se estranhas negociatas e negócios
obscuros tudo em nome duma oculta fraternidade.
Poderia concluir por
aqui, mas não o faço, para contragosto de alguns, enquanto isso a base da
pirâmide, cada vez mais está convertida em modernos escravos, quais servos da
gleba, esmagados com impostos injustos, empréstimos bancários incomportáveis.
Muitos já não sabem o que fazer viram perder o seu emprego, a sua casa,
perderam o acesso à saúde, à educação (outrora universais) e até mesmo ao pão.
Agora os mais novos
seguem as pisadas dos seus avós emigrando para outras terras, pois este país não é para novos
muito menos para velhos.
Enquanto isso, os Senhores
do Topo passaram por cima de todas as normas, legais e instituídas (Códigos de
Leis e a Constituição da República Portuguesa) que agora apelidam de
revolucionária, espezinharam-na e fizeram letra morta de todos os direitos e
conquistas dos trabalhadores, alguns dos quais remontam ao inicio da Revolução
Industrial, onerando-os com mais horas de trabalho, menos ordenados, menos
férias e o não pagamento de horas extraordinárias, retirando-lhes feriados
religiosos e civis premiando-os ainda com mais um mês de trabalho.
Tudo em nome da
economia, do progresso, será que qualquer dia ainda há Economia e consumo, com
tudo fechado?
Os patrões queixam-se e
o governo cede…
Será isto, equidade e
concertação social?
No entanto a repressão
está aí, os poderosos escondem-se atrás da policia num estado totalitário, que
começou a ganhar forma.
Algo me diz que tudo
poderá descambar, pois estão a brincar com coisas muito sérias. No passado, sim
neste mesmo país, já voaram pela janela, condes e ministros, mataram reis e príncipes
e fizeram-se revoluções.
Mas a ver vamos, o povo
é sereno…
Sobre este mesmo assunto (outra leitura sobre Marajás):
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