quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Auto de fé americano em Bagram



De pouco serviu ao presidente norte-americano pedir desculpa ao povo afegão, na pessoa do presidente Hamid Karzai, pela queima de vários exemplares do Corão, levada a cabo por militares da NATO. As manifestações prosseguem, com vários mortos de um lado e doutro. Amanhã, sexta-feira, será como sempre um dia crítico.
A mensagem de Obama a Karzai, citada pela Agência France Press, afirma: "Apresento-lhe, bem como ao povo afegão, as minhas mais sinceras desculpas". Segundo o presidente norte-americano, a queima de vários exemplares do livro sagrado islâmico na base militar de Bagram foi "um erro (...) cometido inadvertidamente".
Os manifestantes, porém, não se dão por satisfeitos com o pedido de desculpas e continuam a gritar, nas ruas, slogans como: "Queremos os culpados julgados, desculpas não bastam".
Obama tentou apaziguar os manifestantes prometendo, na carta a Karzai, que o oficial norte-americano responsável pelo "erro" teria de "prestar contas".
No terceiro dia dos protestos, o número de manifestantes mortos vai já em doze. Mas hoje, quinta-feira, foram também mortos na província de Nagarhar, no Leste do país, dois militares da NATO. Quando uma manifestação se aproximava da base da NATO, um soldado afegão, fardado, abriu fogo sobre as duas vítimas e desapareceu depois no meio da multidão.
Além da referida base, hoje foram também atacadas a tiro duas outras em Oruzgan (no Sul do AFeganistão) e uma base das tropas francesas em Nagrab, na província de Kapisa.
A queima de exemplares do Corão verificou-se na noite de segunda para terça-feira, na base norte-americana de Bagram, a norte de Cabul, onde vários exemplares do Alcorão foram colocados numa incineradora para destruição. E tem dado, desde então, lugar a inúmeras manifestações, que vêm em crescendo. Receia-se que amanhã, dia em que os fiéis se concentram nas mesquitas, a violência possa atingir um patamar de gravidade ainda maior.
Fontes afegãs disseram que funcionários afegãos da base terão detectado os exemplares do livro sagrado e tentado impedir que fossem destruídos, retirando alguns que depois levaram para fora da base para denunciar o caso.
Os taliban tiveram reacções ambíguas e desencontradas, garantindo primeiro o seu porta-voz Zabiullah Mudjahid que o incidente "não afectaria o processo do Qatar [negociações em curso entre EUA e taliban]", embora outras fontes taliban tenham apelado a uma ampla retaliação.

1 comentário:

Ederxnight disse...

Do jeito que as coisas vão indo, o ato provavelmente foi ordenado pelos superiores para causar revolta no povo. Assim havendo um caos no país, levando os soldados a permanecerem dentro do país por mais tempo.
Engraçado o EUA, é atualmente o país mais odiado do mundo.

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