O Danúbio congelado ao
longo de centenas de quilómetros, milhares de pessoas isoladas pela neve e um
novo registo de 590 mortes. O frio polar persiste na Europa e pode piorar este fim-de-semana.
O tráfego fluvial no Danúbio foi interrompido devido ao gelo que se estende por
centenas de quilómetros na Áustria, Hungria, Croácia, Sérvia e Bulgária,
paralisando as actividades na principal via comercial navegável da Europa.
Nos 588 km do rio na
Sérvia, os blocos de gelo cobrem 100% da superfície com uma espessura de até 50
cm. As autoridades estimam que a navegação só poderá ser retomada dentro de dez
dias.
Em todo o continente,
particularmente no leste, o frio continua a fazer vítimas mortais. Esta manhã
foi confirmado um novo saldo de 590 mortos.
Na Ucrânia, onde as
temperaturas podem chegar aos 30 graus negativos no final desta semana, as
autoridades suspenderam novos registos diários sem explicação. Mas, até
terça-feira, quando foi divulgado o último número de vítimas oficial, esse era
o país da Europa mais afectado, com 135 mortes (112 mortes causadas directamente
pelo frio).
Já na Polónia, o frio
fez mais cinco novas vítimas, elevando para 82 o total de mortos desde o início
da onda de frio, sem contar com as pessoas mortas sufocadas com monóxido de
carbono ou em incêndios causados por sistemas de aquecimento defeituosos.
Na Rússia, onze pessoas
morreram desde o início do mês em Moscovo em incêndios provocados pela
utilização de aquecedores com defeito. Em todo o país, o frio fez 6 vítimas
mortais desde o início de Fevereiro.
O frio matou mais 24
pessoas na Lituânia, dez na Letónia, onde o número de incêndios bateu um nível
recorde, e uma na Estónia.
Na República Checa,
foram 25 as pessoas mortas pelo frio. Para este fim-de-semana são esperadas
temperaturas geladas de 40 graus negativos nas montanhas e -25° em Praga.
Na Bulgária, onde o
frio deixou 30 mortos em 10 dias e todas as escolas continuam fechadas, o
governo anunciou que vai interromper a exportação de electricidade pois precisa
de toda a sua capacidade para abastecer o próprio país. A Bulgária é um dos
principais exportadores nos Balcãs, exportando para Grécia, Sérvia, Macedónia e
Turquia.
Milhares de pessoas
estão isoladas por causa da neve em cidades, geralmente sem electricidade, na
Sérvia, Croácia, Bósnia, Macedónia, Montenegro e Albânia. Foram necessárias
operações com helicópteros na Bósnia e na Macedónia para abastecer com
alimentos e medicamentos os moradores isolados e para transportar pessoas
doentes para os hospitais.
Em França, a morte por
hipotermia de pelo menos três idosos, entre eles um homem de 83 anos que deixou
o carro bloqueado pela neve para tentar chegar em casa a pé, e a de dois
moradores de rua em Paris, elevam para 12 o número de mortos.
Em Itália, como
previsto, a neve voltou esta sexta-feira, moderada, mas provocando desespero,
depois de uma tempestade de neve e temperaturas polares que fizeram pelo menos
45 mortos em dez dias. Na capital são esperados 30 cm de neve. As autoridades
prepararam-se e distribuíram 4 mil pás, posicionaram 600 camiões limpa-neve nas
principais estradas e mil toneladas de sal. No entanto, as pessoas continuam
traumatizadas pela desorganização e o caos de sexta-feira e sábado passados, e
armazenaram provisões para o fim-de-semana.
Ainda assim havia quem
esperasse, ansiosamente, por uma vaga de frio assim. Em Hamburgo, na Alemanha,
pela primeira vez em cinco anos, o maior festival de patinagem acontecerá este fim-de-semana
no Aussenalster, lago fora da cidade que está coberto com mais de 20 cm de
gelo. As autoridades da cidade, que espera um milhão de visitantes, deram sinal
verde, após verificarem que a camada de gelo é suficientemente sólida.
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