Portugal, uma anedota de país
" Fechem-se em casa.
Se tiverem a sorte de ter uma casa ou de conseguir pagar a renda de uma casa que nunca vai ser vossa.
Não se mexam para não gastarem energias que podem vir a precisar depois
para trabalhar. Quanto mais se mexerem mais fome terão e sede. Evitem
comer e beber, principalmente beber, porque vamos aumentar os impostos
até sobre as bebedeiras. Nunca vão comer a restaurantes, nunca saiam
para se divertir, nunca mas nunca vão de férias.
Saiam de casa
apenas e só para ir trabalhar (de preferência vão a pé), sejam
produtivos apesar de completamente desmotivados, esforcem-se por agradar
aos patrões para não serem despedidos, ainda que vos peçam coisas que
nada têm a ver com as vossas funções, ainda que vos maltratem, ainda que
vos obriguem a trabalhar horas extra sem receber nada por isso, ainda
que sejam explorados e estejam a recibos verdes (com patrão), ainda que
sejam licenciados e estejam a receber o mesmo que um trabalhador sem
formação, ainda que vos batam com um pau.
Aceitem tudo para não
serem despedidos porque se vocês não quiserem há mais 100 ou 200
escravos prontos para fazerem o mesmo que vocês ou ainda mais por menos
ordenado.
E os subsídios de desemprego... já se sabe, vão ser
menores e por menos tempo... ninguém quer ir para o desemprego só porque
não aceitou limpar os sapatos ao patrão com a língua, pois não?
Portem-se com juízo, sejam cordeirinhos, aceitem tudo.
Não comprem
música, arte, não vão a museus, não visitem exposições, não comprem
livros, não vão passear pelo campo: tudo isso são gastos desnecessários,
ninguém morre por não ter acesso à cultura.
Não comprem prendas de
Natal, nem de aniversário, nem de nada. Toda a agente vai perceber
porque eles próprios também não têm dinheiro para as comprar.
Não
mimem os vossos filhos com um doce sequer, porque depois vão ter de ir
ao dentista com eles e isso, já se sabe, vai-vos ficar caro.
Aliás,
estamos todos proibidos de adoecer, de engravidar, de partir uma perna
ou espirrar sequer. O Estado não tem orçamento para baixas médicas,
subsídios de maternidade e ainda suportar as despesas de saúde das
pessoas que decidiram que tinham de nascer em Portugal.
Que azar termos nascido em Portugal, daqui para a frente não devia de nascer mais ninguém em Portugal!
Ouviram casais jovens que pensam em ter filhos? Esqueçam isso, só vos
vão dar mais despesas e preocupações... e se são daqueles que fumam
(mais) por terem preocupações, esqueçam isso também: o imposto sobre o
tabaco (que dá lucro ao Estado, mesmo depois de pagar todas as despesas
com a saúde dos fumadores) também vai aumentar e quando virem o preço
vão perceber porque é nos maços está a avisar que "fumar pode aumentar o
risco de ataques cardíacos".
Finalmente se já forem velhinhos, se
trabalharam toda a vida para sustentar este ser virtual e egocêntrico
que se chama Estado, que tudo vos pede e nada vos dá, se a única alegria
que têm na vida é ir nas excursões do turismo sénior (esqueçam,
esqueçam o turismo sénior...) ou dar uma notita aos vossos netos no
Natal para ver um sorriso a nascer de quem nasceu de vós, dêem graças ao
Alzeimer porque só ele vos pode ajudar a esquecer a merda de país em que
"escolhemos" nascer.
Até sempre. "
2 comentários:
Olá...
Gostei de ler a parte dos escravos, afinal somos a base do Sistema... Como já sei que até temos um museu lá nas américas... até me sinto tal ossadas pré-históricas!
Quanto referiste os "velhinhos" tive esperança que ias terminar com chave dourada...
Fica para a próxima!
Abr
Magnífico. Realidade pura e amarga.
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