Uma variedade incrível
de bactérias e outros organismos sobrevivem e reproduzem-se no lago de Vostok,
na Antárctida, o mais extremo dos ambientes, numa completa escuridão e frio
intenso.
Devido às extremas
condições meteorológicas, cientistas e investigadores acreditavam que nada
poderia ter vida no lago de Vostok. No entanto, descobriu-se neste lago
profundo, frio e escuro, uma surpreende variedade de formas de vida. A
investigação, publicada na revista científica PLOS ONE, revela mais de 3500
espécies identificadas através da análise genética.
"Os limites do que
é habitável e não é, estão a mudar", afirma o responsável pelo estudo
Scott Rogers da Bowling Green State University.
O lago Vostok é o
quarto lago mais profundo da Terra e o maior dos mais de 400 lagos subglaciais
conhecidos na Antárctida. O gelo que cobriu o lago durante os últimos 15
milhões de anos apresenta mais de três quilómetros de profundidade, o que cria
uma enorme pressão. Há poucos nutrientes disponíveis e o tempo é tão duro e
imprevisível que os cientistas para o visitar tem que ter equipamento especial
e fazer treinos de sobrevivência antes.
Com estas condições, a
maioria dos cientistas acreditava que Vostok fosse estéril. Contudo, a equipa
responsável pelo estudo, ao trabalhar em secções retiradas do gelo profundo,
identificou milhares de bactérias, algumas encontram-se no sistema digestivo de
peixes, crustáceos e vermes anelídeos. Identificou-se também fungos e duas
espécies de archaeas, organismos unicelulares que tendem a viver em ambientes
extremos. As outras espécies identificadas estão relacionadas com os habitats
dos sedimentos do lago ou oceano.
Encontraram-se
psicrófilos, organismos que vivem no frio extremo, juntos com termófilos,
organismos que podem suportar condições extremas de temperatura, o que sugere a
presença de fontes hidrotermais no fundo do lago. De acordo com Rogers, a
presença das espécies marinhas de água doce aponta para a hipótese de que o
lado teve outrora conectado com o oceano, e que a água doce foi depositada no
lago por um glaciar principal.
"Encontramos muito
mais complexidade do que se pensava" - referiu Rogers. "Realmente
mostra a tenacidade da vida, e como os organismos podem sobreviver em lugares
onde há um par de dezenas de anos, pensávamos que não poderia existir
nada."
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