Kiribati, um pequeno
país formado por 32 atóis e uma ilha-vulcão no Oceano Pacífico, quer mudar-se
para as Fiji. O Presidente está a negociar a compra de 20km2 nas Fiji para
mudar para lá toda a população.
Se os 103 mil
habitantes já viviam apertados, em 811 km2, vão passar a viver ainda mais
juntos.
Não se trata de um
capricho dos governantes em Tarawa (a capital). Kiribati vai desaparecer devido
à subida das águas provocada pelas alterações climáticas. Pensaram então em
deslocar toda a gente para a maior e mais montanhosa das ilhas do arquipélago
das Fiji, Viti Levu, explicou Filimoni Kau, o secretário das Terras e Recursos
Naturais.
Filimoni Kau, que falou
com a agência espanhola EFE por telefone, disse que as negociações ainda não
terminaram. Os terrenos pertencem a um conjunto de igrejas que pedem pelos 20
quilómetros quadrados 7,5 milhões de euros.
“O nosso povo terá de
ser deslocalizado quando as marés chegarem às povoações e às casas”, anunciara
na semana passada o Presidente, Anote Tong, num discurso ao país.
Várias dezenas de
pessoas já se mudaram, tornando-se refugiados climáticos, um estatuto que é
reconhecido pelas Nações Unidas. Muitos dos já afectados vivem num acampamento
provisório montado na capital. A subida das águas não é a única ameaça a
Kiribati — também se regista uma crescente salinização dos aquíferos (as
reservas de água doce). A água salgada contaminou os poços, o que quer dizer
que não há água suficiente para os habitantes, para os animais e para as
plantações; a população sobrevive cada vez mais de uma dieta de arroz e
enlatados.
Se o acordo com as Fiji
se concretizar, a população não será levada toda de uma vez para a sua nova
terra. Terão de ser negociados muitos itens. Por exemplo: serão refugiados,
imigrantes, kiribatis? Poderão encontrar emprego sem ser tratados como
indivíduos de segunda classe? “Teremos de ser imigrantes qualificados, gente
que tem um lugar na comunidade”, disse Tong, que chegou a ponderar (porque
quando as águas engolem um país nenhuma hipótese deve ser posta de lado) a
possibilidade de Kiribati passar a ser um país sobre uma gigantesca plataforma
sobre o mar, ou de construir muros altíssimos à volta de todas as ilhas
habitadas (onde é que eu já ouvi isto?). Há quatro anos que o Governo deste
país que vive da exportação de peixe e do turismo negoceia com ilhas vizinhas a
possibilidade de compra ou aluguer de terreno para alojar os seus 103 mil
habitantes.
Kiribati não é o único
arquipélago do Pacífico ameaçado pela subida das águas. A mesma ameaça paira
sobre as Ilhas Marshall e sobre Tuvalu. Segundo os dados divulgados pelo Painel
Intergovernamental de Alterações Climáticas, o nível dos oceanos poderá subir
de 18 a 59 centímetros até o fim do século.
Mais em: Novo Kiribati
1 comentário:
A Austrália poderia ser uma boa opção, já que tem uma boa parcela de responsabilidade pelo aquecimento global. E há bem mais espaço do que em Fiji...
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