Há cada vez mais
mulheres que chegam e ficam a dormir na rua ou nos carros. Há ainda quem chegue
só com 20 euros no bolso à espera de arranjar logo trabalho, quando um quarto
por cima de um café custa no mínimo 500 euros.
Há cada vez mais
portugueses a chegar ao Luxemburgo à procura de trabalho. Neste pequeno país
europeu em que um quarto da população é lusa, a crise também já se faz sentir e
arranjar emprego é uma tarefa quase impossível, sobretudo não dominando o
francês e o alemão e quando não há qualificações.
O presidente da
Confederação das Comunidades Portuguesas no Luxemburgo, José Coimbra de Matos,
diz que estes emigrantes recém-chegados não passam fome, porque a protecção
social existe, mas acabam por dormir dentro dos carros.
“O número é bastante
grande e as dificuldades são maiores”, constata josé Coimbra de Matos,
explicando que “há pessoas a dormir em carros”. “Agora fome propriamente dita
não, porque, além de haver um esquema de segurança social no Luxemburgo bastante
evoluído, a solidariedade social também existe”, acrescenta.
“Uma pessoa que se
dirija a uma instituição, mesmo não estando declarada no país, terá sempre algo
para comer”, refere José Coimbra de Matos.
Despesas elevadas
O Luxemburgo é visto
como um país de sucesso e onde se pode ganhar bem. Esta é uma face da moeda,
porque o nível de vida é muito elevado. Quem chega não está preparado para as
despesas, nomeadamente com o alojamento.
É por isso que muitas
pessoas procuram os albergues da Cáritas, nomeadamente aquele em que trabalha a
assistente social Stefanie Silva. “A maior parte dos portugueses que vem cá não
têm possibilidades para alugar um quarto e pagar. Aqui, para alugar um quarto
acima de um café, custa 500 ou 600 euros e é muito dinheiro. A maior parte das
pessoas que chega aqui só têm 20 euros, 100 euros com eles, e não chega”, conta
Stefanie Silva.
Mas só de Dezembro a
Março é que os centros podem fornecer abrigo durante a noite. Depois, as
pessoas têm que ficar na rua, porque um tecto é um produto de luxo e os
emigrantes não estão preparados.
É com tristeza que
Stefanie Silva vê que entre os que pedem ajuda estão cada vez mais mulheres -
uma novidade este ano, confessou.
“O que é triste é que este ano é a primeira
vez que vejo situações em que são mulheres que vêm de Portugal à procura de
trabalho, que deixaram os filhos em Portugal. Já faz oito anos que trabalho com
os sem-abrigo e é a primeira vez que vejo que esta situação acontece.”
As associações ajudam
os portugueses como podem, mas José Coimbra de Matos alerta os que querem
emigrar: não vão à aventura, informem-se bem sobre as condições de trabalho e
de vida no país. De contrário, "ainda podem agravar mais" a sua
situação.
Fonte: Rádio
Renascença
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