O prémio
Nobel da Química de 2010 Ei-Ichi Negishi afirmou no passado dia 23 de Abril,
que a solução para a fome pode passar por um mecanismo químico de «reciclagem
de dióxido de carbono» convertendo-o em comida, mas que ainda está longe de ser
alcançado.
Ei-Ichi Negishi, químico japonês, de visita ao
Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, afirmou
que «os líderes mundiais estão enganados quando querem erradicar o dióxido de carbono».
O Nobel de 2010 defendeu que se se pudesse converter o
«odiado dióxido de carbono» em comida «o mundo tornar-se-ia muito mais
sustentável».
Segundo Negishi, este processo «é possível» mas,
adiantou, «ainda não se descobriu um modo economicamente viável» de o fazer.
Aliás, alertou, «ainda se está muito longe do
conseguir».
O processo desejado existe, no entanto, na natureza,
na fotossíntese.
«As plantas captam o dióxido de carbono da atmosfera e
transformam-no em açúcar para crescerem», explanou.
Assim, defendeu, «se se conseguir fazer a fotossíntese
de forma industrial poder-se-ia criar comida através deste processo químico».
Na verdade, disse, esta «transformação do dióxido de
carbono em matéria orgânica comestível já foi alcançada» mas, explicou, «o
custo não é viável» uma vez que utiliza metais como ouro, platina, paládio
entre outros.
A solução é encontrar uma «forma de catálise» que faça
o mesmo, mas «a um custo sustentável».
Como imagem, o cientista usou o sistema de catalisação
dos automóveis que «transforma o monóxido de carbono, altamente poluente e
prejudicial, em dióxido de carbono, menos poluente».
Só que, explanou, «o processo que tem que se descobrir
é o oposto, reciclar dióxido de carbono, através de um processo de catálise, em
compostos orgânicos comestíveis».
Em conclusão, o Nobel afirmou que «o dióxido de
carbono é mau para o ambiente mas bem utilizado pode ser bom para a
humanidade».