Um dos autores de bestsellers mais vendidos
no mundo vai publicar o seu sexto romance, que terá o título
"Inferno", a 14 de Maio deste ano. O herói será, mais uma vez, Robert
Langdon, o mesmo de Anjos e Demónios, O Código Da Vinci e Símbolo
Perdido.
A
notícia chega através dos editores, que revelam que Robert Langdon se vai
aventurar, de "gola alta, casaco de tweed e calças caqui" pelo
"coração da Europa". O novo livro de Brown promete "um mundo
angustiante, centrado numa das mais duradouras e misteriosas obras
literárias" de sempre.
"Inferno"
chega na primavera. O título foi revelado logo após o anúncio da data de
lançamento pelos leitores, que tinham sido convidados a espalhar a data da
publicação do novo romance nas redes sociais.
Ao
postar as informações no Facebook ou no Twiter, usando a hashtag #DanBrownToday,
as imagens de perfil dos leitores iam sendo utilizadas num gráfico da web que
tornava o título cada vez mais claro, à medida que as imagens se iam juntando.
A adesão massiva levou a que, ao fim de algum tempo, o site cedesse e, em vez
da imagem esperada, se lesse "erro do servidor. Servidor de aplicativos
mal configurado".
A
página do Today Show publicou uma nota do editor dizendo que "o
esmagador interesse no título mistério do novo livro de Dan Brown afectou,
temporariamente, os servidores da HyperActivate, a empresa que gere o mosaico
social dos media". E pedia aos leitores para voltarem mais tarde.
Pouco
mais foi revelado sobre o livro, como a linha da história e outras personagens
da trama. A editora apenas deixou no ar a hipótese de que o livro pudesse girar
em torno de Dante, o autor de "Inferno", a primeira parte de uma das
mais célebres obras da literatura, a Divina Comédia.
O
último livro de Brown, O Símbolo Perdido, publicado em 2009, vendeu mais
de um milhão de cópias nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá nas primeiras 24
horas.
Merchandising?
O
que trará à tona de água desta vez, o autor mais desconcertante da América dos
últimos anos?
São
vários os sites que fazem uma espécie de preview do que poderá ser a nova obra
de Dan Brown (aqui fica segundo a Cabana
do Leitor, um cheirinho):
“As lembranças se
materializaram lentamente, como bolhas vindo à tona da escuridão de um poço sem
fundo.
Uma mulher com o
rosto coberto por um véu.
Robert Langdon olhava
para ela do outro lado de um rio cujas águas agitadas corriam vermelhas,
tingidas de sangue. De frente para ele, na margem oposta, a mulher o encarava,
imóvel, solene. Trazia na mão uma faixa azul, uma tainia, que ergueu em
homenagem ao mar de cadáveres aos seus pés. O cheiro da morte pairava por toda
parte.
Busca, sussurrou a
mulher. E encontrarás.
Langdon ouviu as
palavras como se ela as tivesse pronunciado dentro de sua cabeça. "Quem é
você?", perguntou ele, sem que sua voz produzisse som algum.
O tempo urge,
sussurrou ela. Busca e encontrarás.
Langdon deu um passo
à frente, em direcção ao rio, mas então viu que as águas, além de
ensanguentadas, eram profundas demais para que ele as atravessasse. Quando
tornou a erguer os olhos para a mulher de véu, os corpos aos seus pés tinham se
multiplicado. Eram agora centenas, milhares talvez, alguns ainda vivos,
contorcendo-se de agonia, padecendo mortes inimagináveis... consumidos pelo
fogo, enterrados em fezes, devorando uns aos outros. Podia ouvir os lamentos
humanos ecoarem acima da água.
A mulher se moveu em
sua direcção com as mãos esguias estendidas, como quem pede ajuda.
"Quem é
você?!", gritou Langdon outra vez.
Em resposta, a mulher
levou a mão ao rosto e ergueu lentamente o véu. Sua beleza era arrebatadora,
porém ela era mais velha do que Langdon imaginara: 60 e poucos anos talvez,
altiva e forte, como uma estátua atemporal. Tinha um maxilar anguloso, de
aspecto severo, olhos penetrantes e intensos e longos cabelos grisalhos, cujos
cachos lhe caíam em cascata sobre os ombros. Um amuleto de lápis-lazúli pendia
de seu pescoço --uma serpente solitária enroscada em um bastão.
Langdon teve a
sensação de que a conhecia, de que confiava nela. Mas como? Por quê?
Ela então apontou
para duas pernas que brotavam da terra, se contorcendo. Aparentemente eram de
alguma pobre alma enterrada até a cintura, de cabeça para baixo. Uma letra
solitária escrita com lama se destacava na coxa pálida do homem: R.
R?, pensou Langdon,
intrigado. R de... Robert? Será que esse... sou eu?
O rosto da mulher
nada revelava. Busca e encontrarás, repetiu ela.
Subitamente, ela
começou a irradiar uma luz branca... cada vez mais forte. Todo o seu corpo
começou a vibrar com intensidade e, então, com um estrondo repentino, ela
explodiu em mil faíscas.
Langdon acordou sobressaltado, aos gritos.
Langdon acordou sobressaltado, aos gritos.
Estava sozinho no
quarto iluminado. O cheiro pungente de álcool hospitalar pairava no ar. Ali
perto bipes de máquina soavam em discreta sintonia com o ritmo de seu coração.
Tentou mover o braço direito, mas uma dor lancinante o impediu. Olhou para
baixo e viu que um cateter intravenoso repuxava a pele de seu antebraço.
Sua pulsação se acelerou e as máquinas acompanharam o ritmo, passando a emitir bipes mais rápidos.
Sua pulsação se acelerou e as máquinas acompanharam o ritmo, passando a emitir bipes mais rápidos.
Onde estou? O que
aconteceu?
A nuca de Langdon
latejava, uma dor torturante. Com cautela, ele ergueu o braço livre e tocou o
couro cabeludo, tentando localizar a origem da dor de cabeça. Sob os cabelos
emaranhados, encontrou as extremidades duras de uns dez pontos incrustados de
sangue seco.
Fechou os olhos e tentou se lembrar de algum acidente.
Nada. Branco total.
Fechou os olhos e tentou se lembrar de algum acidente.
Nada. Branco total.
Pense.
Apenas escuridão.
Apenas escuridão.
Um homem com roupa
cirúrgica entrou apressado, aparentemente alertado pela aceleração dos bipes do
monitor cardíaco de Langdon. Tinha barba desgrenhada, bigode cerrado e olhos
bondosos que irradiavam uma calma atenciosa por baixo das sobrancelhas
revoltas.
-- O que... o que
houve? -- Langdon conseguiu perguntar. -- Eu sofri algum acidente?
O barbudo levou um
dedo aos lábios e tornou a sair às pressas para chamar alguém no corredor.
Langdon virou a
cabeça, mas o movimento fez uma pontada de dor atravessar seu crânio. Respirou
fundo várias vezes e esperou a dor passar. Então, com cuidado e de forma
metódica, examinou o ambiente estéril ao seu redor.
O quarto de hospital
continha uma cama só. Não havia flores. Não havia cartões. Viu as próprias
roupas em cima de um balcão próximo ao leito, dobradas dentro de um saco
plástico transparente. Estavam cobertas de sangue.
Meu Deus. Deve ter
sido grave.
Langdon girou a
cabeça bem devagar em direção à janela ao lado da cama. Estava escuro lá fora.
Era noite. A única coisa que ele conseguia ver no vidro era o próprio reflexo:
um desconhecido abatido, pálido e exausto, ligado a tubos e fios e cercado por
equipamentos hospitalares.
Ouviu vozes se
aproximando pelo corredor e tornou a olhar para o quarto. O médico voltou,
dessa vez acompanhado por uma mulher.
Ela parecia ter 30 e
poucos anos. Usava roupa cirúrgica azul e tinha os cabelos louros presos em um
rabo de cavalo grosso que balançava ao ritmo de seus passos.
-- Sou a doutora
Sienna Brooks -- apresentou-se, abrindo um sorriso para Langdon ao entrar. --
Vou trabalhar com o Dr. Marconi hoje à noite.
Langdon assentiu com um débil meneio de cabeça.
Alta e graciosa, a Dra.
Brooks se movia com a desenvoltura assertiva de uma atleta. Mesmo com aquela
roupa folgada, conservava uma elegância esguia. Por mais que Langdon não
percebesse nenhum traço de maquiagem, sua pele tinha uma suavidade incomum, a
única mácula era uma pinta minúscula logo acima dos lábios. Os olhos, de um tom
castanho suave, pareciam estranhamente penetrantes, como se houvessem
testemunhado experiências de rara profundidade para alguém tão jovem.
-- O Dr. Marconi não fala inglês muito bem, então me pediu que preenchesse sua ficha de admissão -- disse ela, sentando-se ao seu lado. Voltou a sorrir.
-- O Dr. Marconi não fala inglês muito bem, então me pediu que preenchesse sua ficha de admissão -- disse ela, sentando-se ao seu lado. Voltou a sorrir.
-- Obrigado.
-- Certo -- começou
ela, assumindo um tom de voz sério. -- Qual é o seu nome?
Ele precisou de
alguns instantes.
-- Robert... Langdon.
Ela apontou uma
lanterninha para seus olhos.
-- Profissão?
Ele respondeu ainda
mais devagar:
-- Professor
universitário. História da Arte... e Simbologia. Em Harvard.
A Dra. Brooks baixou a lanterna, mostrando-se surpresa. O médico de sobrancelhas revoltas pareceu igualmente espantado.
A Dra. Brooks baixou a lanterna, mostrando-se surpresa. O médico de sobrancelhas revoltas pareceu igualmente espantado.
-- O senhor é
americano?
Langdon a encarou com
um olhar intrigado.
-- É só que... -- Ela
hesitou. -- O senhor não tinha documento nenhum quando chegou. Como estava de
paletó de tweed da Harris e sapatos sociais, imaginamos que fosse britânico.
-- Eu sou americano
-- assegurou-lhe Langdon, exausto demais para explicar sua preferência por
alfaiataria de qualidade.
-- Está sentindo
alguma dor?
-- Na cabeça --
respondeu Langdon, o latejar em seu crânio agravado pelo brilho forte da
lanterna. Felizmente, a médica a guardou no bolso e pegou seu pulso, para medir
os batimentos. -- O senhor acordou gritando -- falou. -- Consegue se lembrar
por quê?
Langdon voltou a ter um lampejo da estranha visão da mulher de véu, cercada de corpos em agonia. Busca e encontrarás.
Langdon voltou a ter um lampejo da estranha visão da mulher de véu, cercada de corpos em agonia. Busca e encontrarás.
-- Tive um pesadelo.
-- Sobre o quê?
Langdon lhe contou.
A Dra. Brooks manteve
uma expressão neutra enquanto fazia anotações numa prancheta.
-- Alguma ideia do
que possa ter provocado uma visão tão apavorante?
Langdon vasculhou a memória e então balançou a cabeça, que latejou em protesto.
Langdon vasculhou a memória e então balançou a cabeça, que latejou em protesto.
-- Muito bem, Sr.
Langdon -- disse ela, sem parar de escrever --, agora vou fazer alguma
perguntas de rotina. Que dia da semana é hoje?
Langdon pensou por alguns instantes.
Langdon pensou por alguns instantes.
-- Sábado. Eu me
lembro de estar andando pelo campus hoje mais cedo... de participar de um
simpósio à tarde e depois... acho que essa é a última coisa de que me lembro.
Eu levei um tombo?
-- Já vamos falar
sobre isso. O senhor sabe onde está?
Langdon deu seu
melhor palpite:
-- No Hospital Geral
de Massachusetts?
A Dra. Brooks fez
outra anotação.
-- Existe alguém para
quem devamos telefonar avisando? Mulher? Filhos?
-- Ninguém -- respondeu Langdon sem precisar pensar.
-- Ninguém -- respondeu Langdon sem precisar pensar.
Sempre gostara da
solidão e da independência que sua vida de solteiro lhe oferecia, embora
precisasse admitir que, nas condições em que se encontrava, preferiria ter um
rosto conhecido ao seu lado.
-- Eu poderia telefonar para alguns colegas, mas não vejo necessidade.
Quando a Dra. Brooks terminou de medir o pulso de Langdon, o médico mais velho se aproximou. Alisando as sobrancelhas revoltas, sacou um pequeno gravador do bolso e o mostrou à colega. Ela assentiu, indicando que entendera, e voltou a encarar o paciente.
-- Sr. Langdon, quando chegou hoje mais cedo, o senhor estava murmurando repetidamente uma coisa.
-- Eu poderia telefonar para alguns colegas, mas não vejo necessidade.
Quando a Dra. Brooks terminou de medir o pulso de Langdon, o médico mais velho se aproximou. Alisando as sobrancelhas revoltas, sacou um pequeno gravador do bolso e o mostrou à colega. Ela assentiu, indicando que entendera, e voltou a encarar o paciente.
-- Sr. Langdon, quando chegou hoje mais cedo, o senhor estava murmurando repetidamente uma coisa.
Ela lançou um olhar
ao dr. Marconi, que ergueu o gravador digital e apertou um botão.
Uma gravação começou
a tocar e Langdon ouviu a própria voz grogue balbuciar repetidas vezes a mesma
frase: "Ve... sorry. Ve... sorry."
-- Me parece -- continuou a doutora -- que o senhor estava dizendo "Very sorry. Very sorry".
-- Me parece -- continuou a doutora -- que o senhor estava dizendo "Very sorry. Very sorry".
Langdon concordou,
embora não se lembrasse de nada daquilo.
A Dra. Brooks o fitou com um olhar tão intenso que chegava a ser perturbador.
-- Tem alguma ideia de por que diria isso? O que o senhor lamenta tanto?
Enquanto se esforçava para tentar lembrar, Langdon tornou a ver a mulher de rosto velado parada à margem de um rio vermelho-sangue, cercada de corpos. Sentiu outra vez o fedor da morte.
Foi invadido pela sensação repentina, instintiva, de que estava correndo perigo... não só ele como todos os demais. Os bipes do monitor cardíaco aceleraram na mesma hora. Seus músculos se retesaram e ele tentou se sentar.
A Dra. Brooks o fitou com um olhar tão intenso que chegava a ser perturbador.
-- Tem alguma ideia de por que diria isso? O que o senhor lamenta tanto?
Enquanto se esforçava para tentar lembrar, Langdon tornou a ver a mulher de rosto velado parada à margem de um rio vermelho-sangue, cercada de corpos. Sentiu outra vez o fedor da morte.
Foi invadido pela sensação repentina, instintiva, de que estava correndo perigo... não só ele como todos os demais. Os bipes do monitor cardíaco aceleraram na mesma hora. Seus músculos se retesaram e ele tentou se sentar.
A dra. Brooks se
apressou em pousar a mão com firmeza sobre seu peito, forçando-o a se deitar
novamente. Então lançou um olhar rápido para o médico barbudo, que foi até um
dos cantos do quarto e começou a preparar alguma coisa.
Em pé ao lado de
Langdon, a doutora voltou a falar com um sussurro:
-- Sr. Langdon, ansiedade é uma reacção comum a traumatismos cranianos, mas o senhor precisa manter sua pulsação baixa. Não deve se mexer nem se agitar, apenas fique deitado e descanse. Vai ficar tudo bem. Aos poucos, vai recuperar a memória.
-- Sr. Langdon, ansiedade é uma reacção comum a traumatismos cranianos, mas o senhor precisa manter sua pulsação baixa. Não deve se mexer nem se agitar, apenas fique deitado e descanse. Vai ficar tudo bem. Aos poucos, vai recuperar a memória.
O outro médico voltou
com uma seringa, que entregou à Dra. Brooks. Ela injectou o conteúdo no acesso
intravenoso de Langdon.
-- É só um sedativo
leve para acalmá-lo -- explicou -- e para aliviar a dor. -- Ela se levantou
para ir embora. -- Vai ficar tudo bem, Sr. Langdon. Agora durma. Se precisar de
alguma coisa, aperte o botão ao lado da cama.
Ela apagou a luz e se
retirou junto com o médico barbudo.
No escuro, Langdon
sentiu o efeito quase imediato da medicação em seu organismo, arrastando-o de
volta para as profundezas do poço do qual havia emergido. Combateu a sensação,
forçando os olhos a permanecerem abertos na escuridão do quarto. Tentou se
sentar, mas seu corpo parecia feito de concreto.
Ao mudar de posição
na cama, Langdon se viu outra vez de frente para a janela. As luzes estavam
apagadas e, no vidro escuro, seu próprio reflexo havia desaparecido,
substituído por um horizonte distante e iluminado.
Em meio às silhuetas
de torres e domos, uma fachada em especial se destacava em seu campo de visão.
A construção era uma imponente fortaleza de pedra, com ameias no parapeito e
uma torre de mais de 90 metros, que ficava mais larga perto do topo projectado
para fora, também com ameias munidas de balestreiros.
Langdon se sentou na
cama com as costas erectas, fazendo a dor na cabeça explodir. Lutou contra o
latejar violento e fixou o olhar na torre.
Conhecia bem aquela estrutura medieval.
Conhecia bem aquela estrutura medieval.
Era única no mundo.
Infelizmente, porém,
ficava a quase 6.500 quilómetros de Massachusetts.
Do lado de fora, escondida nas sombras da Via Torregalli, uma mulher robusta desmontou sem o menor esforço de uma moto BMW e avançou com o andar decidido de uma pantera que persegue sua presa. Tinha um olhar feroz. Os cabelos curtos e espetados se destacavam contra a gola levantada de uma jaqueta de couro preta. Ela verificou a arma equipada com silenciador que trazia nas mãos e ergueu os olhos para a janela do quarto de Robert Langdon, onde a luz acabara de se apagar.
Do lado de fora, escondida nas sombras da Via Torregalli, uma mulher robusta desmontou sem o menor esforço de uma moto BMW e avançou com o andar decidido de uma pantera que persegue sua presa. Tinha um olhar feroz. Os cabelos curtos e espetados se destacavam contra a gola levantada de uma jaqueta de couro preta. Ela verificou a arma equipada com silenciador que trazia nas mãos e ergueu os olhos para a janela do quarto de Robert Langdon, onde a luz acabara de se apagar.
Mais cedo naquela
mesma noite, sua missão original dera terrivelmente errado.
O arrulho de uma
simples pomba havia mudado tudo.
Agora ela estava lá
para consertar o estrago. (…)”
Aguardemos
ansiosamente a chegada do livro às livrarias.
Ordo ar chao
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