O teclista dos
Doors, Ray Manzarek, um dos membros fundadores do mítico grupo de
rock liderado por Jim Morrison, morreu esta segunda-feira, na
Alemanha, vítima de cancro, segundo comunicado na página no
Facebook da banda.
Manzarek tinha 74
anos. Conhecera Jim Morrison em Venice Beach, na Califórnia, e
acabou por formar com este o grupo que ficou famoso por temas como
"Riders on the Storm", de 1971.
O som do seu órgão
era um dos mais reconhecíveis da música rock.
A imagem do seu
tronco curvado sobre as teclas, uma das mãos desenhando linhas de
baixo, a outra divagando pelo órgão, ficarão para sempre
associadas a uma banda, os Doors, e a um tempo, os anos 1960. Ray
Manzarek foi um dos instrumentistas que melhor os representou e foi,
até ao fim da vida, nesta segunda-feira, totalmente um filho das
ambições estéticas e dos sonhos de reinvenção e despertar
espiritual desse tempo.
Um romantismo
perfeitamente ilustrado no início de tudo. Manzarek encontrou Jim
Morrison, colega da mesma faculdade de Los Angeles, na praia de
Venice. Morrison mostrou-lhes algumas letras que escrevera.
"Moonlight drive": "Let's swim to the moon / Let's
climb to the tide". Os Doors nasciam ali, naquela tarde.
Nascido em Chicago,
amante do blues e do jazz, fundaria os Doors
com Jim Morrison em 1965. Dois anos depois, com a edição do
homónimo álbum de estreia, a banda tornar-se-ia um dos fenómenos
da década, atingindo o coração do circuito pop com as
letras provocadoras e enigmáticas de Morrison e música que
reproduzia na perfeição aquilo que Manzarek definia como uma
entrega "dionisíaca" à vida, constantemente no fio da
navalha.
Se Morrison era
todo ele excesso e descontrolo, Manzarek era o músico metódico que,
apoiado pelo guitarrista Robbie Krieger e pelo baterista John
Densmore, traduzia em som essa tentação pelo abismo, aproximando a
música do precipício, mas impedindo-a de entrar em queda livre.
Até 1971, data da
morte de Jim Morrison e da edição de LA
Woman, o último
álbum do vocalista com os Doors, Ray Manzarek firmou com a banda o
seu legado na história da música popular urbana. Álbuns como
Strange Days
ou Morrison Hotel
e canções como Light
my fire, The
end, When
the music's over
ou Riders on the
storm têm a
marca do seu talento que, segundo o próprio, residia mais na
liberdade da imaginação que na força do virtuosismo. "Sou
basicamente uma espécie de pianista de 'cocktail
jazz'. Serei o
primeiro a admitir que não sou um teclista muito bom", terá
afirmado um dia.
Nascido
verdadeiramente para a música com os Doors, nunca se libertaria
verdadeiramente da sombra da banda (nem, na verdade, parecia
desejá-lo). A carreira a solo foi discreta e os Doors,
quer nos livros de memórias, quer nas digressões revivalistas, um
porto seguro a que regressou sempre. Isso não o impediu, no entanto,
de lançar alguns álbuns a solo, com o grupo Nite City, ou de
concretizar algumas colaborações com Iggy Pop, Echo & The
Bunnymen, X ou Philip Glass.
Robbie Krieger, que
o acompanhou nos últimos anos, declarou em comunicado: "Sinto-me
feliz por ter podido tocar as canções dos Doors com ele durante a
última década. Ray foi uma grande parte da minha vida e irei sentir
a sua falta para sempre".
Com Robby Krieger e
o cantor Ian Astbury (The Cult), viria a reformar os Doors em 2002,
passando por Portugal três vezes: em dois concertos no Pavilhão
Atlântico, em Lisboa, no Coliseu dos Recreios e no festival Marés
Vivas, em Vila Nova de Gaia.
"Fiquei
profundamente triste ao saber da morte do meu amigo e companheiro de
banda, hoje. Fico feliz por ter podido tocar canções dos Doors com
ele, durante a última década. O Ray foi uma grande parte da minha
vida e hei de ter sempre saudades dele", escreveu Robby Krieger.
Recentemente, John Densmore, que se opôs à reunião dos Doors, escreveu um livro sobre a batalha judicial que daí decorreu, admitindo que não se importaria de voltar a tocar com Krieger e Manzarek, desde que o fizesse por solidariedade e não para ganhar dinheiro.
Recentemente, John Densmore, que se opôs à reunião dos Doors, escreveu um livro sobre a batalha judicial que daí decorreu, admitindo que não se importaria de voltar a tocar com Krieger e Manzarek, desde que o fizesse por solidariedade e não para ganhar dinheiro.
Manzarek deixa a
mulher, os dois irmãos, o filho Pablo e três netos.
This
is the end
Beautiful
friend
This
is the end
My
only friend, the end
Of
our elaborate plans, the end
Of
everything that stands, the end
No
safety or surprise, the end
I'll
never look into your eyes...again
Can
you picture what will be
So
limitless and free
Desperately
in need...of some...stranger's hand
In
a...desperate land
Lost
in a Roman...wilderness of pain
And
all the children are insane
All
the children are insane
Waiting
for the summer rain, yeah
Mais sobre The
Doors:
Bibliografia consultada:
Blitz,
DN, Expresso, Público.
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