O retrato de um país.
O retrato de um interior, que pouco a pouco se vai desertificando, em nome dum certo progresso, que privilegia a faixa litoral entre Lisboa e o Porto e o Algarve.
Gradualmente assistimos ao abandono do interior, em nome de quê e de quem?
Que estranhos desígnios são estes?
A CP – Caminhos de Ferro Portugueses prepara-se para encerrar mais umas quantas linhas férreas vetando o interior ao esquecimento, ao ostracismo...
Progresso ou retrocesso?
Mas, voltemos ao excelente documentário de Jorge Pelicano:
Trás-os-Montes, região esquecida e despovoada, vítima de promessas políticas incumpridas.
O anúncio da construção de uma barragem ameaça a centenária linha do Tua.
A identidade do povo transmontano está em risco de submergir.
Dezembro de 91
Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença acompanhou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralizado da Europa Ocidental.
Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas sem crianças. A falta de emprego e vida nas terras levam os jovens que restam a procurarem oportunidades noutras fronteiras.
Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do edifício Vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.
Pare, Escute, Olhe é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra.
Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada.
Exibido no Doc Lisboa 2009, a 18 e a 19 de Outubro.
É novamente projectado no Cine Eco, em Seia, dia 22 de Outubro de 2009, pelas 22 horas.
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