«No segundo dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval carioca, duas escolas homenagearam de maneiras diferentes a música brasileira.
Em um enredo simples e directo, a Vila Isabel homenageou o sambista Noel Rosa, com letra composta por Martinho da Vila. Repleto de referências à música e a instrumentos musicais, o desfile da escola procurou destacar passagens da vida de Noel, e também fazer referência à boémia típica do universo do artista.
Não há desfile de Carnaval sem porta bandeira.
«Última escola a desfilar pelo Grupo Especial, a Mangueira apresentou enredo "Mangueira é Música do Brasil", prestando homenagens a diversos momentos da música nacional. Com referências à Jovem Guarda, Bossa Nova e Tropicalismo, a escola explorou figuras como Roberto Carlos, Gilberto Gil e Tom Jobim em suas alegorias. A censura exercida pelo regime militar à música foi abordada por um carro alegórico e pela bateria da escola, que desfilou com fantasias de presidiários e cercada por grades. A bateria também foi ponto alto do desfile ao executar "paradinhas", convidando o público a cantar o samba junto com a escola.
Entretanto, a apresentação da Mangueira foi prejudicada por um começo de incêndio no carro abre-alas, logo debelado pelos bombeiros. A escola também quase ultrapassou o tempo máximo de 82 minutos para o desfile, e teve de acelerar a passagem final pela avenida.»
Quando o calor aperta…
«Rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel, a dançarina Gracyanne Barbosa criticou, instantes antes de entrar na Marquês de Sapucaí, a falta de empolgação do público que acompanha as escolas de samba em São Paulo: "Os dois carnavais, do Rio e de São Paulo, são bons, mas em São Paulo falta um pouco a participação das pessoas". Sem a presença do namorado Belo, que estará admirando a amada do camarote, a musa disse que apesar do peso da fantasia toda feita em cristais e com enormes plumas azuis, não sente qualquer desconforto na hora de sambar diante dos ritmistas.
Para desestressar e garantir uma performance perfeita, Gracyanne foi à academia de musculação e fez uma massagem relaxante antes de começar a se preparar para a entrada da Vila Isabel.
Questionada sobre a opulência das musas de bateria diante da tão condenada magreza de modelos de passarela, Gracyanne afirmou que existe espaço para todos os padrões. "Tudo funciona no samba, desde que se passe energia. Pode ser magrinha, mais cheinha ou gostosinha, tanto faz". »
«A Grande Rio, quarto desfile da noite, relembrou grandes momentos do Carnaval da Sapucaí. Um dos principais destaques da escola foi a homenagem prestada ao carnavalesco Joãozinho Trinta, relembrando o desfile da Beija-Flor de 1989, comandado por ele. A bateria da Grande Rio, com a actriz Paola Oliveira à sua frente, homenageou o gari Renato Sorriso, trabalhador que ficou famoso por empolgar o público ao sambar enquanto varre a Marquês de Sapucaí após a passagem das escolas.
A primeira escola a desfilar na noite de segunda-feira foi a Mocidade Independente de Padre Miguel, com enredo sobre o paraíso. Em alas e alegorias que apresentaram interpretações de mitos como o do Jardim do Éden e os tesouros do rei Salomão, predominou a cor dourada. O principal destaque do desfile foi a passagem de Elza Soares, 72, à frente da bateria da escola. Recuperando-se de uma lesão no tornozelo, a cantora desfilou sobre um carrinho, conduzida por dois assistentes ao longo da avenida.»
Excertos dum Carnaval, Rio de Janeiro 2010, Brasil...
Fotos recolhidas no Terra Brasil
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