"Acordai", "canção heróica" de José Gomes Ferreira e Fernando Lopes-Graça, foi cantada, ontem sexta-feira, junto ao palácio presidencial de Belém, em Lisboa, ontem teve lugar o Conselho do Povo iniciativa popular que decorreu paralelamente à reunião dos Conselheiros de Estado com o Presidente da República.
De acordo com a soprano, a cantora lírica Ana Maria Pinto, a
escolha de uma das “Canções Heróicas”, de Lopes-Graça, “é
um apelo à consciência de todos”, tendo Ana Maria Pinto
qualificado a canção como “apropriada ao momento que
atravessamos, ao afirmar ‘acendam almas e sóis neste mar sem
cais!’”.
A iniciativa, promovida pelas cantoras líricas Ana Maria Pinto e
Mónica Monteiro e pela professora de música Sofia Cosme, reuniu já
cerca de meio milhar de adesões na rede social Facebook,
nomeadamente membros de grupos corais.
“Será um momento humanista, especial e belo, com o melhor que a
nossa cultura tem para oferecer”, disse Ana Maria Pinto.
A concentração principiou 17:30, junto à fonte luminosa, na
Praça do Império, seguindo até à praça Afonso de Albuquerque, em
frente ao palácio presidencial, onde, às 18:00, interpretaram
“Acordai”, com grande sucesso, junto de milhares de pessoas que
engrossavam o Conselho Popular.
“A cultura é um veículo importantíssimo para consciencializar
e sensibilizar as pessoas, nomeadamente em momentos como o actual, em
que é urgente falar à alma muito mais que à matéria”,
sentenciou.
Integrando-se no contexto dos protestos contra a política de
austeridade e a intervenção da troika, Ana Maria Pinto afirmou:
“Estou do lado dos mais fragilizados; eu sou uma fragilizada”.
“Sinto, tal como escreveu Gomes Ferreira, que Portugal é um
país à deriva sem faróis”, disse.
A cantora lírica afirmou estar contra “esta política
neoliberal de privatizações que delapida o património que os
nossos pais construíram e que não serve o povo, mas os interesses
das empresas que seguem princípios imorais”.
Ana Maria Pinto é “contra as privatizações dos serviços de
água, electricidade, da RTP, e de outros”.
Referindo-se à sua área de trabalho, a cantora afirmou que,
depois de ter estudado em Berlim, onde viveu sete anos, decidiu vir
para Portugal, onde “são cada vez menores as possibilidades de
exercer a profissão”.
A soprano criticou também “o regime de recibos verdes a que
estão condenados todos os músicos portugueses se querem trabalhar”.
“Sou uma cidadã e quero participar activamente na democracia do
meu país e daí esta urgência de chamar as pessoas à consciência”,
rematou Ana Maria Pinto.
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