segunda-feira, junho 10, 2013

A novela Prisma



A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos e o FBI têm acesso directo aos servidores centrais de nove das maiores empresas de internet americanas. A inteligência americana pode consultar áudios, vídeos, fotografias, conteúdos de e-mails, arquivos transferidos e conexões dos utilizadores. O programa altamente secreto é chamado de Prisma e está em andamento desde 2007, informou o jornal The Washington Post. Ao longo desse período, nove companhias passaram a fazer parte da operação. A Microsoft foi a primeira a entrar, em Novembro de 2007. O Yahoo passou a fazer parte em 2008. Google, Facebook e PalTalk, em 2009, YouTube em 2010, Skype e AOL, em 2011, e a última, a Apple, em Outubro de 2012. A PalTalk, mesmo bem menor do que as demais, registrou tráfego significativo durante as revoltas nos países árabes e também na guerra civil da Síria. O Dropbox, serviço de armazenamento de dados em nuvem, é descrito como “em breve”.
O esquema reforça as provas de que o governo Barack Obama tem ignorado os direitos civis dos cidadãos americanos de forma indiscriminada. Além de espiar jornalistas, como ficou provado nos casos da apropriação de registros telefónicos da agência Associated Press, e da investigação contra um repórter da Fox News, que teve seus e-mails devassados, a administração democrata também direccionou suas garras a um número infinitamente maior de cidadãos, que não eram suspeitos.
O programa Prisma é actualmente a principal fonte de informação da Agência Nacional de Segurança, serviço secreto de inteligência que monitora comunicações electrónicas. A informação vem à tona um dia depois que o jornal inglês The Guardian revelou que o governo tem acesso a dados de telefonemas de milhões de utilizadores da Verizon, uma das maiores companhias telefónicas dos Estados Unidos. A ordem era conseguir os números de origem e destino das ligações, locação, horário e duração das chamadas, no período entre 25 de Abril e 19 de Julho deste ano. No caso do acesso às informações dos servidores de internet, o Washington Post afirma que “a experiência directa com esses programas e o espanto diante de sua capacidade levou um funcionário de inteligência a fornecer as informações”. O objectivo, ressalta a publicação, é expor “uma invasão de privacidade grosseira”. “Eles podem literalmente ver suas ideias se formando no momento em que você as digita”, disse o funcionário ao jornal. 





"Ninguém está a ouvir as vossas chamadas", garante Obama
Referindo-se pela primeira vez à polémica sobre a alegada espionagem de cidadãos norte-americanos, o Presidente dos EUA defendeu a necessidade do programa, mas assegurou que privacidade não está posta em causa.
O Presidente dos Estados Unidos desvalorizou no passado dia 7 de Junho de 2013, uma série de escândalos envolvendo a Agência de Segurança Nacional (ASN) e a alegada espionagem de cidadãos norte-americanos. Barack Obama garantiu que os parlamentares americanos estavam informados sobre as actividades no centro da polémica e foi peremptório: "Ninguém está a ouvir as vossas ligações telefónicas. O programa não é isso".
"Acho que é importante reconhecer que não se pode ter 100% de segurança por um lado e, por outro, também 100% de privacidade e zero de inconveniência", considerou ainda o Presidente Obama, em San José, Califórnia, citado pela agência norte-americana RT (Russia Today).
Ao comentar pela primeira vez o tema, Obama reconheceu que, inicialmente, ficou céptico em relação à utilidade do monitoramento das comunicações, mas depois terá concordado com a sua necessidade, em nome do combate ao terrorismo, mas assegurando a privacidade dos cidadãos.

Apressaram-se a desmentir...






O director dos serviços secretos dos Estados Unidos criticou no passado dia 9 de Junho de 2013, os meios de comunicação social por "revelações irresponsáveis" sobre os vastos programas escuta de comunicações privadas ordenados pelo governo.
Durante a semana passada, assistimos à revelação irresponsável de medidas tomadas pelos serviços secretos para assegurar a segurança dos americanos", afirma James Clapper num comunicado, o segundo publicado esta semana e o mais completo sobre esta matéria, noticia a AFP.
As revelações nos meios de comunicação social trouxeram ao conhecimento do público dois programas secretos da Agência Nacional de Segurança (NSA), um relativo à recolha, desde 2006, de dados das chamadas telefónicas nos Estados Unidos pelo operador Verizon, e provavelmente de outros operadores, e outro denominado PRISM que visava interceptar as comunicações de internautas estrangeiros fora dos Estados Unidos em nove grandes redes sociais como o Facebook.
"Na fúria de publicar, os órgãos de informação não deram o contexto inteiro, no qual estes programas eram postos em acção, nomeadamente o grau de controlo exercido pelos três ramos do Governo", escreve Clapper, evocando o carácter "vital" para garantir a segurança dos Estados Unidos e dos seus aliados.
O programa PRISM é "legal", assegurou o responsável sublinhando que tinha sido debatido no Congresso e recentemente novamente autorizado.
James Clapper disse também que o PRISM não era um programa secreto, mas antes "um sistema informático interno do Governo utilizado para facilitar a recolha autorizada de informação no estrangeiro, junto dos fornecedores de serviços de comunicações electrónicas, supervisionado pela Justiça".
Este programa, autorizado no quadro do 'Foreign Intelligence Surveillance Act' (lei sobre vigilância e informação no estrangeiro), "era largamente conhecido e tinha sido referido publicamente desde que foi posto em acção em 2008".
"Os fornecedores de serviços prestavam informações ao Governo quando confrontados com uma decisão judicial", afirmou.




Edward Snowden, o operacional que denunciou o “Big Brother”


Poucos conhecem as operações de espionagem que são desenvolvidas nos edifícios de vidros negros da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, em Washington, mas as últimas revelações podem ser apenas a "ponta do 'iceberg".
"Aqui é onde se conhecem os verdadeiros segredos" comentava em 2012 uma diplomata à agência EFE quando olhava para o edifício da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), antes de se dirigir para o tribunal militar onde estava a ser ouvido Bradley Manning, militar norte-americano, no caso WikiLeaks.
O soldado que é acusado de ter revelado o maior número de informações classificadas da História, está a ser julgado numa base militar no coração das instalações da ciber-espionagem dos Estados Unidos.
Após os atentados de 11 de Setembro de 2011, a NSA, que depende do Pentágono, e que conta com mais de 37 mil empregados entre civis e militares, conseguiu mais poderes para controlar as comunicações dentro e fora dos Estados Unidos e consegue aceder a "montanhas" de dados que permitem desmontar atentados terroristas.
A maioria das regras pelas quais se rege a mais opaca das agências federais dos Estados Unidos é secreta e são apenas conhecidas por um punhado de assessores do presidente Barack Obama, legisladores (muitos dos quais a quem foi negada informação sobre o próprio serviço) e juízes em Washington.
A própria existência da NSA, criada em 1952 pelo então presidente Harry Truman, esteve oculta durante mais de 20 anos e apesar da chegada de Obama ao poder e das chamadas de atenção que faz a favor da transparência do organismo, os poderes da NSA continuam a ser tão vastos actualmente como nos tempos da presidência de George W. Bush.
Desde 2008, quando com amplo consenso entre republicanos e democratas, a lei de vigilância de comunicações estrangeiras (FISA na sigla em inglês) foi reformada para baixar o grande número de casos sob controlo judicial, a NSA criou o maior sistema de análise de dados digitais alguma vez conhecido.
A complexidade do sistema é tal que no próximo outono a NSA espera conseguir novas instalações que vão ficar situadas no deserto de Utah, que custaram milhões de dólares, e que vão permitir o processamento e arquivo de uma quantidade de dados cinco vezes superior a todo o tráfico de internet a nível mundial, de acordo com uma investigação da Fox News.
No verão de 2012, o general Keith Alexander, diretor da NSA desde 2005, visitou pela primeira vez a Defcon, a reunião de 'hackers' (piratas informáticos) mais importante dos Estados Unidos.
Na ocasião, considerou "absurdos" os rumores de que a agência tenha arquivos de 260 milhões de cidadãos norte-americanos e recordou que as tarefas da NSA estão limitadas a "informações no exterior" do país.
William Binney, ex-director técnico da NSA criticou duramente as declarações do general e adiantou que a agência tem capacidade técnica para recolher sem controlo judicial dados das redes sociais, correio electrónico e registos de chamadas telefónicas nos Estados Unidos e no estrangeiro.
"Deixei a NSA porque começaram a espiar toda a gente dentro do país", disse Binney numa entrevista publicada na revista Wired publicada em 2012.
De acordo com as recentes revelações publicadas no Guardian e no Washington Post, a NSA recolhe diariamente metadados de chamadas telefónicas nos Estados Unidos que incluem números, duração ou localização das chamadas, através de uma autorização de um grupo de juízes conhecidos como Tribunal FISA, por períodos de 90 dias.
Além do mais, o programa secreto PRISM permite aceder directamente aos servidores de nove das maiores empresas de internet, entre elas a Microsoft, Google ou Apple, para a vigilância de mensagens, vídeos ou fotografias no estrangeiro com o intuito de encontrar padrões relacionados com actividades terroristas.
Binney, disse sábado ao Washington Times que esta recolha de informações "é apenas a ponta do 'iceberg'" e que a NSA dispõe de 20 mil milhões de registos telefónicos e mensagens de correio electrónico de cidadãos norte-americanos.
Apesar do secretismo, para Obama e para os congressistas democratas e republicanos os amplos poderes concedidos à NSA são essenciais para evitar novos ataques terroristas.
Carrie Cordero, uma ex-funcionária do Departamento de Justiça e especialista nos assuntos relacionados com informações, indicou na sexta-feira num artigo de opinião que as notícias que foram agora publicadas e que estão a provocar polémica nos Estados Unidos e no Reino Unido, devido ao alegado envolvimento dos serviços secretos britânicos, só estão a dar "informação aos adversários" para que tenham dados que lhes vão permitir adaptar-se tecnicamente para atingir os norte-americanos.

1 comentário:

Mário Nunes disse...

En jeito de aditamento:
http://www.publico.pt/mundo/noticia/se-eles-me-quiserem-apanhar-vaome-apanhar-1596977

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