sábado, junho 19, 2010

José Saramago, Levantado do Chão

Eventualmente, nesta triste hora, serei mais um, a prestar homenagem a José Saramago, o único escritor português, a receber a honrosa distinção da Academia Nobel.

Há muito que me tinha rendido à evidência.

Saramago era o maior escritor português vivo.

Amado por uns, detestado por outros, Saramago era senhor duma cultura por excelência, adquirida na Universidade da Vida. Comprovando como poucos, neste pais de Doutores e Engenheiros, que não é preciso ir para a Universidade, para adquirir o Conhecimento. Basta querer aprender e a vontade de ir mais longe e sonhar. Saramago era como poucos, um autodidacta de eleição.

Mais que, um elogio fúnebre, o Kafe Kultura já antes (em Outubro de 2009) se tinha rendido a Saramago, a propósito de Caim.

Já nessa ocasião, a sociedade portuguesa dividiu-se, quando Saramago afirmou que “O Deus da Bíblia é rancoroso, vingativo e má pessoa.”

O KK foi dos poucos blogues escritos em português que prestou a devida vassalagem em vida, ao mago luso das letras, desterrado em Lanzarote, Canárias, Espanha, por opção.

No entanto eram os espanhóis, que melhor o entendiam…

Em vida (como sempre acontece aos maiores vultos nacionais) parte de Portugal tratou muito mal, aquele que merece estar ao lado dos grandes, no Panteão Nacional. É para mim o maior nome do Século XX, em português.

Saramago ao contrário doutros, nunca renegou o seu sangue luso, nem as suas origens, na Azinhaga, Golegã. Filho e neto de camponeses enalteceu como poucos, o campo e o povo anónimo.

Desde Levantado do Chão, até ao Memorial do Convento, passando por Todos os Nomes, O Ano da Morte de Ricardo dos Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, A Jangada de Pedra, o Ensaio sobre a Cegueira, A Caverna, O Homem Duplicado, ao Ensaio sobre a Lucidez, A Viagem de Elefante, a Caim.


Perdoem-me, se me esqueci de alguns, mas estes ficaram-me para sempre, em especial, as duas personagens do Memorial do Convento, Baltazar e Blimunda, o povo anónimo, que resiste aos estranhos caprichos dum rei louco, D. João V e a sua corte, que no auge de Portugal (século XVIII), desbaratou a riqueza duma nação, para construir um dos maiores edifícios de então, o Convento de Mafra (construído pelo povo num tempo record). Para sempre ficará ainda destacado o papel da Inquisição e os sonhos dum padre visionário (Bartolomeu de Gusmão e a sua passarola), que acreditava ser possível naquela época, o Homem voar.

Adaptado ao Cinema, ao Teatro e à Ópera, a obra de José Saramago, salvo se nada acontecer permanecerá para sempre, Imortal.

Saiba agora, o país despedir-se daquele que o elevou nos mais variados areópagos.


Concluo, com uma frase de Saramago: “ O ser humano inventou Deus e depois escravizou-se a Ele”.

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