quinta-feira, agosto 19, 2010

França revivalista recorda os tempos do Nazismo, expulsando ciganos


Desde Julho de 2010 que as autoridades francesas procederam ao desmantelamento de 51 acampamentos ilegais sob a alegação que geravam violência. Há relatos de grupos de ciganos que vageiam pelas cidades em busca de lugar para dormir e comer.  É o caso de um grupo de 200 pessoas em Montreuil, perto de Paris, que passam o tempo nas ruas e nas praças da cidade.


Radu, de 19 anos, tomou nesta quinta-feira, antes do meio dia, um avião de Paris com destino a Bucareste. Não o fez por vontade própria, mas aceitou 300 euros das autoridades francesas, porque há uma semana o desalojaram, junto com os seus pais, de um acampamento ilegal em Saint Denis, ao norte da capital francesa. Ele não tem documentos e agora foi expulso de França.

O jovem forma parte do primeiro grupo de 79 ciganos – de um total de 700 – que serão expulsos em aviões fretados antes do fim de Agosto. Dessa forma se cumprem as novas medidas contra os ciganos de origem búlgara e romena que não têm papéis de permanência, entre outras etnias, adoptadas pelo presidente Nicolas Sarkozy.

A novidade, no que diz respeito aos 10 mil ciganos, sem documentos expulsos da França no ano passado, é que à sua chegada ao Aeroporto Charles De Gaulle, Radu foi submetido a um exaustivo controle de identificação levado a cabo pela polícia francesa. Esta revisão digital ao jovem e às outras 78 pessoas que embarcaram no avião, incluindo velhos e crianças, consiste na tomada de impressões digitais dos dez dedos da mão, fotografias de frente, lado e costas de meio corpo e corpo inteiro. Os dados de cada "imigrante ilegal expulso", como os define o ministério do Interior, serão digitalizadas num arquivo interno da polícia.

O objectivo de tais trâmites é impedir que os expulsos, no caso de voltarem à França como costuma ocorrer depois de chegarem aos seus países de origem, beneficiem de subsídios ou ajudas públicas caso regularizem sua situação com contratos de trabalho. Além disso, este arquivo, denominado Oscar, tem outra finalidade: evitar que as pessoas expulsas da França, quando cheguem aos seus países, voltem a solicitar a ajuda econômica que o governo francês oferece para "facilitar o seu regresso a casa".

Cada um dos 79 ciganos de origem romena expulsos esta quinta-feira aceitou receber 300 euros, no caso dos adultos, e 100 euros, para os menores de 18 anos. Entre 2008 e 2009, a França devolveu 15 mil pessoas aos seus países. O Ministério do Interior gastou no processo 18 milhões de euros.

"Muitos expulsos voltaram à França e tentaram cobrar de novo a ajuda. Dos 300 euros que pagamos, um romeno ilegal pode utilizar 60 euros numa passagem de avião e regressar a França. É preciso acabar com isso", assegura o ministério.

Paris colocará em marcha oficialmente a partir do dia 1 de Setembro de 2010, o arquivo de identificação obrigatória para cada pessoa expulsa do país.

O Ministro da Imigração, Eric Besson, se defende: "A França não tem fobia de ciganos. São procedimentos habituais de expulsão de ilegais".


No entanto, a Roménia é consciente que muitos ciganos sairão de novo de seu país por falta de trabalho. Por isso, o ministro romeno de Relações Exteriores, Teodor Baconschi, advertiu: "Devemos ver o que podemos fazer juntos para que na França, na Romênia e na União Europeia encontremos escolas, hospitais e uma mentalidade não xenófoba diante dos ciganos".

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