Bem poderia ser a obra
de Luis Sttau Monteiro publicada em 1961, mas anteontem à noite, cinquenta anos
depois, foi-nos servida ao jantar, pelo Primeiro-ministro de Portugal, Pedro
Passos Coelho, em doses maciças, angústia e depressão, a todos nós,
portugueses, mais uma dose… a fazer-nos lembrar outros tempos…
Já não há quem resista…
Tantos tem sido os furos no cinto, já não há como encolher…
Se víssemos algum
resultado nas mesinhas, mas eles tardam em surgir, para desespero de todos nós.
Daqui a uns meses, os
mesmos intervenientes estarão a pedir mais sacrifícios, como se fosse possível
dar a volta?
Desde que aderimos à
União Europeia e à moeda única temos visto para onde estamos todos a ir, para
um gigantesco estado neo-fascista, em que seremos todos escravos do grande
capital (Eixo Alemanha-França mais os países do Norte da Europa), quanto aos
lacaios de Bruxelas e de Berlim, eles venderam à muito o seu povo e a sua alma,
à maçonaria trans-europeia, qual polvo gigantesco, que tudo quer controlar.
Será uma questão de
tempo, bom falemos agora da outra angústia, a de Luís Sttau Monteiro…
Vários aspectos situam a segunda
obra ficcional de Luís de Sttau Monteiro, apesar das nítidas ligações a uma
leitura ideológica da realidade político-social em que o autor se situa, de acordo
com António Mega Ferreira, num segundo momento da ficção neorrealista: por um
lado "a grande novidade de Angústia para o Jantar, para lá de um
inventário algo sumário [...] dos mecanismos e representações mentais de uma
média e alta burguesia [...] reside na mesma impiedosa condenação de uma
mediocridade desculpabilizante que procura nas "desigualdades à
partida" o alimento da sua própria impotência", ao mesmo tempo que
para essa novidade contribui a deslocação da localização social do narrador
situado agora "no seio da classe dominante" (FERREIRA, António Mega -
"Um Homem e a Sua Obra", introdução a Angústia para o Jantar,
Círculo de Leitores, s/l, 1986, pp. XVI-XVIII). Com Angústia para o Jantar,
Luís de Sttau Monteiro abre, assim, "depois de Eça de Queirós, depois de
Joaquim Paço d'Arcos, um novo processo contra os meios mundanos da sociedade
portuguesa. Tal como os seus precursores, ele é, digamos, um "filho
pródigo", que está à vontade nos mesmos ambientes que impiedosamente
denuncia. Tal como eles, ele é essencialmente um realista, um crítico de
costumes, relegando para segundo plano os fundamentos espirituais e
psicológicos do Homem. Diferentemente nos processos literários, Sttau Monteiro
utiliza o estilo reportagem, com um mínimo de descrição ou de análise. Neste
aspeto, é discípulo da escola norte-americana, sobretudo da corrente cujos
representantes são Hemingway, Saroyan, Dorothy Parker: a arte literária
centraliza-se no diálogo" (QUADROS, António, cit. in Introdução a Angústia
para o Jantar, Círculo de Leitores, s/l, 1986, p. XXX). Por outro lado, ao
nível da composição, o romance situa-se no contexto do nouveau roman, da
experimentação no domínio do romance, obtida aqui por uma constante alternância
e contraposição entre o discurso directo e o monólogo interior.
A novela começa com o habitual
jantar mensal, entre dois amigos, Gonçalo, oriundo de uma família rica e
António, filho de um oficial da marinha, que estabelecem um diálogo a propósito
da condição familiar de cada um. Este diálogo, que permite perceber as
desigualdades sociais entre os dois amigos, é extremamente irónico e
contundente, acabando com uma altercação entre ambos.
Assentando na narração de
acontecimentos banais e dos vícios que enformam a vida social lisboeta, o
narrador faz desfilar um conjunto de personagens que se vão cruzando entre si,
devido a situações pouco lícitas.
Adaptada ao teatro, esta obra obteve grande sucesso de palco, denunciando "sem dó nem piedade" uma série de preconceitos e ilusões que davam forma à sociedade dominante da época.
Adaptada ao teatro, esta obra obteve grande sucesso de palco, denunciando "sem dó nem piedade" uma série de preconceitos e ilusões que davam forma à sociedade dominante da época.
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