«D. Carlos foi o
primeiro rei de Portugal a morrer de morte violenta depois de D. Sebastião. Foi
também um dos mais inteligentes reis do seu tempo, quando a Europa era ainda,
com excepção da França e da Suíça, um conjunto de monarquias.»
“O Círculo
de Leitores iniciou há meses a publicação das biografias dos monarcas
portugueses. Tendo lido algumas das obras já disponíveis, verifiquei a
assimetria da qualidade, embora a informação factual denote trabalho de
pesquisa e em alguns casos coragem para uma análise interpretativa dos homens e
acontecimentos.
Reservei
estes últimos dias para a leitura da obra de Rui Ramos "D. Carlos
I". É sem qualquer dúvida a melhor da série de biografias. Uma pesquisa
exaustiva de factos e personalidades da época, entusiasma o leitor que ante os
seus olhos revive a conturbada passagem de século em Portugal, que pouco teve
de Belle Époque. Como Rui Ramos afirma, a riquíssima e multifacetada
personalidade de D. Carlos torna difícil o cabal conhecimento do homem que em
público sempre foi o príncipe e estadista. Ninguém o conheceu verdadeiramente e
decorridos cem anos podemos dizer que o enigma permanecerá. Tal como Rocha
Martins na sua obra D. Carlos I, as zonas nebulosas e a dúvida são constantes.
É tambem inquietante a similitude dos processos que tal como ontem, envenenam o
sistema partidário - e também rotativo, há que dizê-lo - português.
O Rei foi
durante anos encorajado a tomar o caminho das reformas dolorosas e necessárias
e quase teve êxito. Este "quase" leva-nos directamente às conclusões
de Rui Ramos, onde o professor se interroga acerca do que teria acontecido a
Portugal se os assassinos a soldo dos futuros vencedores do 5 de Outubro não
tivessem conseguido alvejar o landau naquela fatídica tarde de
Fevereiro. É bem certo que o século XX português teria sido bem diferente. Não
teríamos hoje esta organização do Estado, esta bandeira e possivelmente
estaríamos também muito mais próximos daquela Europa que interessa.”
In Combustões
Sobre D.
Carlos I, encontrei ainda esta interessante página da Wikipedia.
1 comentário:
Ainda como homenagem a esse ENORME Português, deixo aqui a mensagem que Ele enviou à presidência do conselho de ministros, 3 anos após a sua coroação:
"Paço de Belem, 29 de Janeiro de 1892.
Meu caro Dias Ferreira.
- Querendo eu, e toda a familia real, ser os primeiros nos sacrifícios extraordinários, que as circunstâncias do tesouro impôem à nação, previno-o de que resolvemos ceder 20 por cento da nossa dotação, enquanto durar a terrível e dolorosa crise, que actualmente atravessamos.
Creia, Dias Ferreira, que em tudo e por tudo hei-de seguir a sorte da nação, à qual reputo essencialmente ligados os meus destinos e os da minha dinastia.
Seu afeiçoado, EL-REI."
Vimos como 6 anos mais tarde lhe "agradeceram", e como tem sido neste último século o exemplo daqueles que o mataram, e os da mesma laia que têm sugado a Nação Portuguesa.
(imagem em http://1.bp.blogspot.com/-s1GLbWqQkSE/TZELfWzk-8I/AAAAAAAAAHA/eGeBrNjQ0Gw/s1600/DCarlos_crise_1892.jpg
origem em: http://realbeiralitoral.blogspot.com/2011/03/licao-de-um-rei.html )
Bom blog
Bom post
Saudações
Derfel
"O pior cego é aquele que não quer ver"
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