segunda-feira, outubro 17, 2011

A Marcha dos Indignados



951 cidades de 82 países, incluindo Portugal (10 cidades portuguesas).
Milhares senão milhões saíram à rua num protesto global, contra a hipocrisia dos Governos, que nos querem fazer crer que o Mundo está em crise, enquanto isso 1% da população mundial vive no fausto, perante a total indiferença dos restantes (os outros 99 %).
De Nova Iorque a Washington, D.C., passando por Toronto, Roma, Londres, Berlim, Atenas, Lisboa, Bruxelas,… a lista é imensurável.
Em Portugal tudo começou muito cedo…
Parte das duas estátuas de leões que ladeiam a escadaria da Assembleia da República, foram vandalizadas ontem de madrugada, disse à agência Lusa fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa.
Segundo a mesma fonte, o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa foi informado às 03:05 de que as duas estátuas tinham sido vandalizadas com tinta de óleo vermelha, por dois indivíduos que não foi possível identificar.
Meios dos Sapadores Bombeiros de Lisboa tentaram mais tarde remover a tinta das estátuas, o que se revelou impossível por se tratar de tinta de óleo, disse à Lusa fonte dos Sapadores.
Segundo a fonte do Comando Metropolitano da PSP, cabe agora à Assembleia da República remover a tinta que se concentra, sobretudo, nos pés de uma das estátuas, no pedestal de outra e na escadaria.
100.000 em Lisboa
Os organizadores da manifestação que se realizou no passado dia em Lisboa calculam em cerca de 100 mil o número de participantes no desfile que se realizou entre o Marquês de Pombal e o Parlamento, disse um dos promotores do protesto.
Paula Gil afirmou em declarações à agência Lusa que o número tinha sido estimado por sindicalistas que costumam organizar e promover manifestações.
A activista, além do balanço positivo que fez da jornada, salientou o facto de durante a contestação ter sido feito um apelo à adesão a uma eventual greve geral que venha a ser convocada pelas centrais sindicais. Paula Gil realçou ainda o facto de ter sido convocada uma nova marcha de protesto para o dia 26 de Novembro, que irá partir do Marquês de Pombal, não estando ainda definido onde irá terminar.
O responsável pelo destacamento policial presente na manifestação, intendente Luís Elias, desvalorizou o incidente ocorrido cerca das 18:30 durante a concentração em frente à Assembleia da República, atribuindo-o a "grupos que aproveitaram para provocar incidentes".
O oficial da PSP negou que a polícia tivesse impedido o socorro a um manifestante que teve um problema de saúde e salientou que o forte contingente policial destacado frente à Assembleia da República para a tarde e noite de hoje teve como objectivo "garantir o direito das pessoas de se manifestarem livremente". Luís Elias escusou avançar quaisquer dados sobre o número de participantes no protesto.
O responsável policial acrescentou que a concentração está autorizada até às 02:00 de domingo.
Por volta das 20:30, do dia 15 continuavam as intervenções dos activistas, numa altura em que ainda permaneciam no local largas centenas de pessoas.
Dou à estampa a visão do jornal Correio da Manhã:
Inicialmente, os polícias impediram os manifestantes de retirarem o homem, o que gerou alguma indignação. Uma das pessoas envolvidas na situação, o advogado e líder do PCTP-MRPP, Garcia Pereira, criticou os polícias por terem impedido que se prestasse assistência ao homem.
Este episódio ocorreu depois de ter sido atirado um ovo contra a escadaria da Assembleia da República e de os elementos policiais terem tentado deter quem fez o arremesso.
Antes disso, já os manifestantes tinham derrubado as grades que continham a multidão fora da escadaria do Parlamento e, nessa ocasião, um homem sentiu-se mal. A PSP foi obrigada a intervir para conter os ânimos. Nesta altura gritavam-se as velhas palavras de ordem "O povo unido jamais será vencido".
Outros dois momentos de tensão vividos durante o desfile dos 'indignados' não passaram de vaias e palavras de ordem mais agressivas à passagem dos manifestantes pela sede do PS, no largo do Rato, vindos da avenida da Liberdade, e na chegada à praça da Assembleia da República, no momento em que o corpo de intervenção da PSP começou a tomar posição.
De resto, o protesto que agora se concentra junto ao Parlamento tem como principais visados o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o Presidente da República, Cavaco Silva. "Passos, ladrão, o teu lugar é na prisão" está entre os gritos mais frequentes dos 'indignados'.  Outras palavras de ordem ouvidas eram "Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal, a nossa luta é internacional" e "País precário saiu do armário".
Esta não é uma manifestação que reúne apenas jovens. Não faltaram pessoas de todas as idades, incluindo pais que lutam por melhores condições de vida para os filhos que estão a estudar. Só não é possível para já apurar o número de manifestantes. Mas serão seguramente milhares. É visível, aliás, entre eles, uma bandeira grega. E o sotaque espanhol não passa também despercebido.
Na linha da frente do desfile encontrava-se Garcia Pereira, do PCTP/MRPP, ao lado de cartazes que diziam "Fora, fora daqui fome, miséria e FMI".
Quem também não faltou à manifestação foram os professores, largamente representados entre os muitos milhares de 'indignados'. Para já, ainda não é notória a presença dos músicos Jorge Palma e José Mário Branco, ou do escritor José Luís Peixoto.

A Assembleia Popular reunida no sábado em frente ao Parlamento aprovou uma concentração para o mesmo local para o dia da votação do Orçamento do Estado para 2012, dia 29 de Outubro.

No Porto foi assim…
Milhares de pessoas associaram-se hoje na Praça da Batalha e na Avenida dos Aliados, no Porto, ao movimento mundial dos "Indignados", gritando palavras de ordem contra a banca, a troika e o Governo.
"Não pagamos", "FMI fora daqui" e "O povo unido jamais será vencido" foram algumas das frases mais ouvidas na manifestação, acompanhada de muitos cartazes, bandeiras, tambores e um esqueleto gigante articulado.
Entre os vários discursos, de desempregados, trabalhadores precários, funcionários públicos e membros de vários movimentos, ouviram-se apelos à revolta contra os responsáveis pela crise financeira que o Mundo atravessa.
"Quem deve pagar as dívidas são aqueles que as criaram", defendeu um dos discursantes, enquanto outro apelou à continuação dos protestos iniciados com o movimento "12 de Março".
Nas centenas de cartazes empunhados, a maioria manuscritos em pedaços de papel ou cartão, liam-se frases como "Tenho 20 anos e estou sem futuro", "Fuga de cérebros. Serei mais um?", "Não pago", "Reage". Democracia não é medo", "E se trabalhássemos só para nós?", "Taxar as grandes fortunas", "Greve geral nacional" e "Se alguém disser que não podes mudar o Mundo, desconfia".
Noutro cartaz, uma manifestante reproduzia o ponto 1. do artigo 104.º da Constituição: "O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar".
Um outro manifestante empunhava uma fotografia de Pedro Passos Coelho, pintada com um pequeno bigode numa alusão a Adolf Hitler.
"É preciso mudar isto. As palavras só não chegam. Nunca vi uma ditadura cair só com palavras. As pessoas têm de se unir, mas chega de mão branda. Eles atacam-nos forte, temos de ripostar ainda mais forte", disse à agência Lusa um dos manifestantes, Luís d'Eça, com barba e boné a lembrar Che Guevara.
Na opinião de Luís d'Eça, "todas as formas de ripostar são válidas", nomeadamente uma "revolução".
"Se tiver de morrer alguém, alguém vai ter de morrer. Há pessoas a morrer à fome. Isso é menos grave?", frisou, responsabilizando a banca pela actual situação.
Maria Rodríguez, espanhola a viver em Braga, referiu que em Espanha seguiu "a revolução sempre, todos os dias", pelo que continua a fazer o mesmo em Portugal.
"Não se pode viver assim. Isto não é viver. É nascer, trabalhar e morrer. Não, há que nascer, viver e morrer. E há que lutar agora mesmo. Todos unidos por uma magia e para poder viver com o coração", afirmou.
Conceição Meireles reconheceu que assistiu à manifestação "mais por curiosidade", mas realçou que também está "indignada" e "bastante preocupada", com o futuro incerto da filha pequena e com a sociedade em geral.
"Acho que tem de haver uma mudança de mentalidades e de paradigma. Acho que temos todos de meter a mão na consciência e tentar dar o nosso melhor. Temos de ser honestos", defendeu.
Ambrósio Lopes Vaz disse que decidiu participar na manifestação por sentir que "o fascismo está de volta" a Portugal, através de "um governo que retira regalias que o povo tanto sofreu, tanto lutou para as ter no tempo da ditadura, nomeadamente o horário de trabalho".
"Está a vir agora um governo bem pior do que Salazar, que está a roubar-nos o nosso pão e a atacar todas as classes profissionais", frisou.

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