Militares
admitem endurecer as manifestações de descontentamento e já marcaram um
encontro nacional para 22 de Outubro.
A Associação
Nacional de Sargentos (ANS) reagiu hoje às novas medidas de austeridade
anunciadas ontem pelo Governo e que vão fazer parte do Orçamento do Estado para
2012.
Ao Económico, O
presidente da ANS diz que "já há muito tempo" que os militares estão
"a preparar uma série de iniciativas". E "se alguma dúvida
existia na mente dos mais crédulos, as afirmações de Passos Coelho deitaram
abaixo qualquer dúvida".
António Lima
Coelho lembra que "há meses atrás, na oposição, Passos Coelho disse a
Sócrates, na altura primeiro-ministro, que cortar nos subsídios era um
disparate" e acrescenta: "Nós temos de ter memória, não podemos
continuar a ser adormecidos com conversas bem ditas".
Por isso, "no
próximo dia 22 vamos realizar um encontro nacional. E este não é um encontro
que se encerra em si mesmo, dado que poderão ser encontrados outros caminhos,
quer sejam de demonstração de mau estar quer sejam de reiterar a disponibilidade
para com quem está no poder de encontrar soluções para todas as partes",
sublinha António Lima Coelho.
É que, segundo o
responsável, as novas medidas de austeridade anunciadas ontem por Passos
Coelho, "põem em causa os direitos constitucionais e inclusive de
soberania" do país, sendo que "o corte dos subsídios é um agravamento
de uma situação que já era muito difícil".
"As
revoluções não se anunciam"
António Lima
Coelho admite que "para o cidadão comum é muito difícil não conseguir
cumprir os seus compromissos, mas para um militar que está obrigado a cumprir
com as leis da República é muito mais grave".
Os militares
garantem assim que "estão ao serviço do povo português e não de
instituições particulares", e avisam: "Que ninguém ouse pensar que as
Forças Armadas poderão ser usadas na repressão à convulsão social que estas
medidas poderão provocar".
Questionada sobre
um possível endurecimento dos protestos por parte dos militares, a Associação
avança que "as revoluções não se anunciam, quando chegam, chegam porque
têm de chegar, mas espero que a bem do Estado de direito que nunca um cenário
desses se venha a pôr", conclui.
Recorde-se que no
mês passado Passos Coelho fez questão de frisar, no discurso que escolheu para
a sessão de encerramento das Festas do Povo, em Campo Maior, que "em
Portugal, há direito de manifestação, há direito à greve. São direitos que
estão consagrados na Constituição e que têm merecido consenso alargado em
Portugal".
No entanto, avisou
na altura o primeiro-ministro, "aqueles que pensam que podem agitar as
coisas de modo a transformar o período que estamos a viver numa guerra com o
Governo", quando o que existe é "uma guerra contra o atraso, a dívida
e o desperdício", esses "saberão que nós sabemos dialogar, mas que
também sabemos decidir".
Fonte: Diário
Económico
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